Fulinaíma MultiProjetos
Dois Perdidos Em Seus Poemas Sujos : (Artur Gomes) ela era Bruna em noite de blues rasgado soltou a voz feito Joplin num canto desesperado por ser primeiro de abril aquele dia marcado a voz rasgou a garganta da santa loucura santa com tanta força no canto que até hoje me lembro daquela musa na sala com tua boca do inferno beijando meus dentes na fala
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
quarta-feira, 27 de agosto de 2025
Artur Gomes 77
Dani-se morreale
se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pelos
devorar as vértebras
Dani-se
se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar o sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos
Dani-se
se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
em tua boca dos infernos
deixa queimar os ossos
e explodir os nossos
poemas físicos pós modernos
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
https://secretasjuras.blogspot.com/
Poétttica
Imburi – essa palavra estranha
só existe em são francisco
e me arrisco
a pensar que seja engano
o biscoito de polvilho
farinha branca no trilho
morreu mais um – menos nada
a tapioca na telha
e o sol sumiu na estrada
Artur Gomes Fulinaíma
www.fulinaimacentrodearte.blospot.com
esfinge
o amor
não e apenas um nome
que anda por sobre a pele
um dia falo letra por letra
no outro calo fome por fome
é que a pele do teu nome
consome a flor da minha pele
cravado espinho na chaga
como marca cicatriz
eu sou ator ela esfinge
clarisse/beatriz
assim vivemos cantando
fingindo que somos decentes
para esconder o sagrado
em nosso profanos segredos
se um dia falta coragem
a noite sobra do medo
na sombra da tatuagem
sinal enfim permanente
ficou pregando uma peça
em nosso passado presente
o nome tem seus mistérios
que se esconde sob panos
o sol e claro quando não chove
o sal e bom quando de leve
para adoçar desenganos
na língua na boca na neve
o mar que vai e vem
não tem volta
o amor é a coisa mais torta
que mora lá dentro de mim
teu céu da boca e a porta
onde o poema não tem fim
artur gomes
http://juras-seecretas.blogspot.com
Jura secreta 7
fosse sampa uma cidade
ou se não fosse não importa
essa cidade me transporta
me transborda me alucina
me invadeinter fere na retina
com sua cruel beleza
como Oswald de Andrade
e sua realidade
como Mário de Andrade
e sua delicadeza
Artur Gomes
https://secretasjuras.blogspot.com/
Goitacá Boy
ando por são paulo meio araraquara
a pele índia do meu corpo
concha de sangue em tua veia
sangrada ao sol na carne clara
juntei meu goitacá seu guarani
tupy or not tupy
não foi a língua que ouvi
na sua boca caiçara
para falar para lamber para lembrar
de sua língua
arco íris litoral como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda lágrima
que mãe chorara
para roçar para cumer para tocar
na sua pele urucum de carne osso
minha língua tara
sonha lamber do seu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão da Guanabara
Artur Gomes
musicado e cantado por Naiman, no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia - 2002
clique no link para ver o vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=Y0KKfii2BKY
Pedra Dourada
amo a pedra
onde mora
estive lá
já vim embora
assim sozinho
mas é como se a pedra
estivesse ainda em meu caminho
Artur Gomes
fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria
mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria
20 horas
20 noites
20 anos
20 dias
até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria
Artur Gomes
www.secretasjuras.blogspot.com
a chícara é apenas um detalhe para pensar dela o café distraindo os olhos de coruja presos no umbigo
penso em vão não escrever certa vez comecei um poema com vírgula as curvas dos seios no branco do papel o caminho entre tecidos sob a pele para o túnel onde não passam automóveis a vírgula não é ponto apenas um sinal no início do poema que não precisa ter ponto final apenas curvas em direção a outras curvas para encontrar as outras vírgulas no início do poema
eu quero o tempo tempo tempo mesmo que seja cedo antes que seja tarde amanhecia setembro em bento gonçalves eu já pensava a carne dos pelos das folhas das polpas das uvas no vale dos vinhedos do cachorro louco janelas do apartamento da cidade alta os poemas pintados por juliana as costas nua na contra luz nascendo o dia antes arte do que nunca um congresso brasileiro de poesia quero o temo tempo tempo quero quero nos pampas vagalumes acendendo suas lanternas na garoa das madrugadas uma guria na esquina me pedindo um gole de cerveja quantas eras quantas anas já tivemos tantas já fizemos quantas e o quântico volátil como éter se evapora quando é luz do dia.
Tudo Arde - poema em construção
suspenso
no Ar
não penso
atravesso o portão da sua casa
o corpo em fogo
a carne em brasa
tudo arde
nas cinzas das horas
no silêncio da tarde
vou entrando sem alarde
sem comício
como um pássaro
que acaba de cantar
em pleno hospício
Pontal Foto.Grafia
Aqui,
redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras – descobrimento
espinhas de peixe
convento
cabrálias esperas
relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no
AR
caranguejos explodem
mangues em pólvora
Ovo de Colombo quebrado
areia branca inferno livre
Rimbaud - África virgem –
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais
telhados bóiam nas ondas
tijolos afundando náufragos
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas
Jerusalém pagã visitada
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Jesus Cristo não passou por aqui
Miles Davis fisgou na agulha
Oscar no foco de palha
cobra de vidro sangue na fagulha
carne de peixe maracangalha
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha?
penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Mallarmè passou por aqui
bebo teu fato em fogo
punhal na ova do bar
palhoças ao sol fevereiro
aluga-se teu brejo no mar
o preço nem Deus nem sabre
sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
plástico de lixo nos mangues
que mar eu bebo afinal?
www.secretasjuras.blogspot.com
Santa Clara/Guaxindiba/Sossego –
não sei se clara
pode entender claramente
como amo
claro que nem tudo
ainda foi dito
escrito falado pensado
nem clara mesmo
imagina o quanto quero
e pode até se assustar
com tanta fala
mas clara ainda
não sabe que na sala
a vela acesa
em noite escura
ainda é clara
Artur Gomes
ser ou não ser quando não é acaba sendo um teatro do absurdo a não realidade por onde escorrega toda lama por onde vaza toda e qualquer trapaça a olho nu a destruição como normalidade onde estamos como chegamos até aqui dessa forma tão estúpida entre correntes e algemas invisíveis a ditadura oculta dos que disfarçam as intenções premeditadas o rio emporcalhado nas ações clandestinas como se pregassem a coisa justa em nome do mercado deus da propriedade enquanto isso o tempo gira
Artur Gomes
https://fulinaimargem.blogspot.com/
Juras secretas de um trovador contemporâneo
por Adriano Moura
“Só uma palavra me devora / Aquela que meu coração não diz”. Esses versos de Jura secreta, canção de autoria da compositora brasileira Sueli Costa e Abel Silva, conhecida por grande parte do público pela passionalidade interpretativa da cantora Simone, pluraliza-se e faz emergir Juras Secretas, décimo terceiro livro do poeta Artur Gomes. Não que haja intertextualidade explícita entre a canção e os poemas do livro, mas denota o intertexto como uma das principais marcas do poeta, recurso presente em seus livros anteriores.
Em SagaraNagens Fulinaímicas (2015), já se percebia um Artur Gomes um pouco distinto da ferocidade de crítica política predominante, por exemplo, em Couro cru & Carne viva (1987). Em Juras secretas, o poeta assume de vez sua faceta lírica, e é essa que pontua as cem “juras” que preenchem o miolo do livro.
Jura secreta 45
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e minha língua fosse
só furor dos Canibais
E é com furor canibalesco que se nota, na tessitura poética de muitos versos, o poeta que se dedica também à leitura da literatura e de outras artes. Antropofágico, herdeiro de Oswald Andrade e do Tropicalismo, a língua do poeta devora tudo que o coração não diz para permitir que a poesia o diga. Hilda Hilst, Portinari, Glauber Rocha, são signos que denotam o repertório de um leitor-espectador de várias linguagens e que não esconde essas influências. Porém sua poesia não é enciclopédica. As alusões promovem efeitos sonoros e imagéticos que contribuem para o desenvolvimento de uma estilística pessoal e funcional.
Jura secreta 13
quantas marés endoidecemos
e aramaico permaneço doido e lírico
em tudo mais que me negasse
flor de lótus flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor ou faca fosse
Hilda Hilst quando então se me amasse
ardendo em nós salgado mar e Olga risse
olhando em nós flechas de fogo se existisse
por onde quer que eu te cantasse ou Amavisse
Artur Gomes é um dos poucos poetas que mantém viva a tradição da oralidade. Participa de vários encontros Brasil afora recitando seus versos como um trovador contemporâneo. Nota-se, na estrutura musical de sua poesia e nas imagens que cria, uma obra que se materializa por completo quando dita em voz alta. Mas mesmo no silêncio do quarto, da sala, da praia ou no barulho do carro, trem ou metrô; a poesia de Juras Secretas oferece viagens estéticas aos que sabem que a poesia não está morta como andam pregando por aí.
Jura secreta 43
com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua Aurora
Adriano Carlos Moura
Mestre em Cognição e Linguagem (Uenf).
Professor de Literatura do IFF –
Doutor em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora-MG
fotos: Alice Maria Diniz
Transepoéticas I Festival de Brasília da poesia brasileira e Sax Blues Poesia
Museu da República – Brasília – junho de 2018
leia mais em
27 de agosto
com muito gosto
fazer setenta e sete
outra coisa me disse
fulinaíma
pra definir o que faço
o traço a cada compasso
pensado sentido vivido
estando inteiro
não par/ti/do
a língua ainda
entre/dentes
a faca
ainda mais afiada
a carNAvalha in/decente
escre/v(l)er
é tudo o que posso
pra desafinar os contentes
desempatar de/repente
o jogo dos reles bandidos
é tudo o que tenho feito
por mais que tenha sofrido
nas unhas dos dedos
nos nervos
na carnadura dos ossos
Artur Gomes
Hoje Balbúrdia PoÉtica especial
no Carioca Bar - Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17
Parque São Caetano - Campos dos Goytacazes-RJ
Espero vocês lá, a partir das 18h
leia mais no blog
Artur Fulinaimagens
https://fulinaimargens.blogspot.com/
Por Onde Andará Macunaíma?
Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a postagem.
-
Balbúrdia PoÉtica 5 A Balbúrdia 1 e 2 foram realizadas na Taberna de Laura - Copacabana – Rio de Janeiro. A Balbúrdia 3 foi realizada n...
-
sagaranidade em mim serAfim que não acaba dias desses encontrei um xará em Sorocaba Artur Gomes O Poeta Enquan...