quarta-feira, 10 de abril de 2024

vampiro goytacá canibal tupiniquim

Vampiro Goytacá

 eu tenho muito mais que 25 mil palavras sem perguntas mais que 25 mil perguntas sem respostas eu tenho um presente às minhas custas um passado às minhas costas um futuro à minha frente muito mais que um instante no meu cérebro as mutações em pré-juízo judas o resto da cruz jesus cristo cortador de cana boi-pintadinho muito mais que além da mesa posta


uma minibio a partir de Suor & Cio 

Artur Gomes é poeta, ator, videomaker e produtor cultural.

 Tem diversos livros publicados,  

entre eles : Suor & Cio -  (MVPB Edições 1985

Couro Cru & Carne Viva – (1987)

20 Poemas Com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor de Campos – (Makondo Edições – 1990)

Conkretude Versus ConkrEções – 1994

CarNAvalha Gumes – 1995

BraziLírica Pereira : A Traição Das Metáforas (Alpharrábio Edições – 2000)

 SagaraNAgens Fulinaímicas (Edições Du Bolso – 2015), 

Juras Secretas (Editora Penalux, 2018) 

O Poeta Enquanto Coisa (Editora Penalux – 2020 )

Pátria A(r)mada (Editora Desconcertos, 2019).  Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio – 2020

Pátria A(r)mada  2ª edição revista e ampliada – Desconcertos Editora (2022)

O Homem com A Flor Na Boca - Editora Penallux (2023)

Tem inédito:

Vampiro Goytacá/Canibal Tupiniquim  Da Nascente A Foz : Um Rio De Palavras (livro de memória)

Dirigiu a Oficina de Artes Cênicas do Instituto Federal Fluminense em Campos dos Goytacazes-RJ de 1975 a 2002.

Em 1983, criou o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira, com 9 edições realizadas em diversas cidades do Estado Rio de Janeiro até o ano de 1992. 

De 1986 a 1988 foi assessor, no Departamento Municipal de Cultura de Campos dos Goytacazes-RJ, onde trabalhou na criação da Casa de Cultura José Cândido de Carvalho – implantada no distrito de Goytacazes.

Em 1989 criou o Festival de Música de Primavera, cujas primeiras edições foram realizadas pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, na Arena do Parque Alberto Sampaio e coordenou o Encontro Nacional de Poesia Em Voz Alta.

Em 1993, idealizou o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira Mário de Andrade — 100 Anos — realizada pelo SESC São Paulo.

Em 1995 criou o Projeto Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, executado pelo SESC-SP em várias unidades na capital e pelo Estado.

De 1996 a 2016 foi um dos poeta convidados para dirigir Oficinas e realizar performances no Congress0 Brasileiro de Poesia, em Bento Gonçalves-RS

Em 1996 foi um dos 50 Poetas selecionados para o Projeto Poesia 96, realizado pelo Departamento de Literatura  da Secretaria Municipal de Cultura do Estado de São Paulo - SP

Em 1999 criou o FestCampos de Poesia Falada, realizado até 2019 pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, em Campos dos Goytacazes-RJ onde foi Diretor de Projetos Especiais de 1999 a 2004.

Em 2002 lançou o CD Fulinaíma Sax Blues Poesia , com seus parceiros Dalton Freire, Luiz Ribeiro, Naiman e Reubes Pess.

De 2011 a 2014 dirigiu Oficina de Produção Cine.Vídeo no Sesc-Campos

Em 2012 foi um dos Artistas Brasileiros convidado para o Circuito Cultura Arte Entre Povos, realizados em cidades do Estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais

Em 2013 fez Performance Poética e dirigiu Oficina de Produção Cine.Vídeo na 7ª Feira do Livro de São Luiz do Maranhão.

De 2014 a 2016 Dirigiu Oficinas de Artes Cênicas no Sesc-Campos com a montagens dos espetáculos: Nos Tempos da Fotonovela, Uma Noite De Natal,  Waterkis-Selecione Água e A Nossa Casa É Um Teatro.

Em 2017 Dirigiu Oficina de Teatro Multilinguagens no SINASEFE, seção Campos

Em 2018 e 2019 lecionou Poéticas, no Curso Livre de Teatro em Campos dos Goytacazes, com a realização do espetáculo poético teatral: LeminskiArte da Palavra Em Cena.

Em 2018 lançou o livro Juras Secretas, fez performance e dirigiu Oficina no Festival Transe Poéticas, realizado no Museu Nacional de Brasília-DF

 Em 2021 fez curadoria para a Mostra Cine e Vídeo De Poesia Falada. realizada pelo SESC Piracicaba-SP.

Integrou a Comissão Julgadora do Festival Cine Urutu, realizado pela Prefeitura de Pindamonhangaba-SP

Com seu videopoema  Goytacá Boy é um dos poetas que integram a Mostra Virtual de Videopoemas do Projeto Bossa Criativa, Arte de Toda Gente, realizado pela FUNRTE Rio.

Em 2022 realizou 7 edições do Projeto – Semana de 22 – 100 Anos Depois – Revirando A Tropicália na Casa Criativa Santa Paciência em  Campos dos Goytacazes-RJ

Em 2022 lançou o livro Pátria A(r)mada no Sesc Piracicaba-SP e realizou  performances realizadas no  Largo dos Pescadores

 Em 2023 realizou oito edições do Sarau MultiLinguagens, realizado no Museu Histórico de Campos e no Palácio da Cultura, realização da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima – Prefeitura de Campos dos Goytacazes-RJ

Em 2023 recebeu homenagem no Sarau Gente de Palavra, realizado na Livraria e Café Patuscada em São Paulo-SP, projeto coordenado pelos poetas/escritores: César Augusto de Carvalho e Rubens Jardim

Em março de 2024 realizou no Palácio da Cultura a primeira edição do Sarau Campos VeraCidade, realização da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima – Prefeitura de Campos dos Goytacazes-RJ

Atualmente é coordenador de cultura na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima em Campos dos Goytacazes-RJ



vampiro goytacá

canibal tupiniquim

             poesia muito prosa

viagens metafóricas por realidades reinventadas



"Nunca fomos catequizados fizemos foi carnaval".

Oswaldo de Andrade.

 

 Nunca fomos colonizados, fizemos foi Balbúrdia anti-colonial.

                                             Sady Bianchin

 

Ou a gente se Raoni

Ou a gente se Sting

Luis Turiba

 

uma cidade sem memória não é uma cidade

                           Federico Baudelaire

Campos precisa acordar para voltar a ser 

                                 Rúbia Querubim

tocar-te por dentro lentamente calmamente como quem morde a maçã na boca da serpente e uiva mastigando a carne como sobremesa

                                            Artur Kabrunco

o gosto da tua carne não conheço não me deste o endereço

                                              Federika Bezerra

transverso anjo avessso atravesso as artérias da cidade águas do paraíba emporcalhadas de esgotos

                                                Irina Serafina

como poesia devoro para matar a fome quando oro o prazer tem outro nome

                                                    Artur Gomes

absinto impossível te sentir mais do que já sinto

                                            Pastor de Andrade

cidade veraCidade nossas angústias penduradas nos varais

                                            Federika Lispector

 

viva a lira do delírio antropofágica paulistana metendo a língua desbragada nos bordéis de copacabana

                                            Lady Gumes

o delírio é a lira do poeta se o poeta não delira sua lira não concreta                                                

                                    Artur Fulinaíma

 desde os tempos de moleque para descascar carne de manga faca facão canivete arma branca de pivete nos quintais da cacomanga

                                     EuGênio Mallarmè

 

não tenho papas na língua  nem pastor me come as coxas eu sou do mar da tempestade beira mar é quem   lambe  as minhas ostras

                                            Gigi Mocidade

 


eu sou o sangue

afro tupiniquim

que ainda

corre em minhas veias

sou a lama do mangue

a bio/diversidade

e

a genialidade desses traços

no lápis de Kevin Areas


arquitetura/poesia

 

enquanto arquitetos desenhistas desenhavam eu foto.grafava escrevia poesia muitas vezes a arquitetura do poema me vem em linhas fulinaímicas

                                         sinuosas se em verso ou prosa não explico o que me importa é o ofício ao qual eu me dedico


por enquanto

vou te amar assim em segredo

como se o sagrado fosse

o maior dos pecados originais

                 e minha língua fosse

                 só furor dos canibais


veraCidade

 

por quê trancar as portas tentar proibir as entradas se já habito os teus cinco sentidos e as janelas estão escancaradas ? um beija flor risca no espaço algumas letras de um alfabeto grego signo de comunicação indecifrável eu tenho fome de terra e esse asfalto sob a sola dos meus pés agulha nos meus dedos quando piso na augusta o poema dá um tapa na cara da paulista flutuar na zona do perigo entre o real e o imaginário joão guimarães rosa caio prado martins fontes um bacanal de ruas tortas eu não sou flor que se cheire nem mofo de língua morta o correto deixei na cacomanga matagal onde nasci com os seus dentes de concreto são paulo é quem me devora   selvagem devolvo a   dentada na carne da rua aurora


balburdiar eis o verbo

ver pra crer

:

               difícil de falar

ótimo de fazer

 

amor

balbúrdia gozosa

jorrando poesia

enquanto goza

 

fazer balbúrdia

jogo de cartas

sem  baralho

:

dá prazer

                  mas dá trabalho  

 

 

Balbúrdia PoÉtica

 

numa dessas noites boêmicas  de dois mil e dezenove  em bares ex-tintos da lapa  na cia de sady bianchin fil buc e marcela giannini ouvimos do indesejado que dentro das universidades federais era uma tremenda balbúrdia  mal sabia ele que sua fala chegaria aos ouvidos de quem não cala imediatamente como uma prova dos nove pensamos uma Balbúrdia PoÉtica a favor da ética

e contra todo aquele que nos provoca náuseas neo-nazistas que nos fazem mal  e agora transformado  em manifesto de resistência sócio política cultural contra todo e qualquer tipo

de bandidagem oficial

seja ela municipal estadual ou federal 


 serAfim 1 -             artur gomes


 para ademir assunção

um nome escrito no vento

 

não quero o sentido normal

da coisa como me aparenta

quero a realidade

exatamente como a gente

simplesmente  inventa 


nonada

 

ela me inspira me transpira me transborda estico a corda para alinhar o plumo no rumo certo do poema a seta no foco o poema em linha torta para entortar a linha reta

no concreto do abstrato

na argamassa do concreto

sou

vampiro bêbado de sangue

assassinei os alpharrábios

para inventar meu alphabeto


vamos comer mastigar chupar beber
devorar  deglutir cuspir escrever  xingar falar sobreviver  sobrevoar os telhados  de todos os fantasmas  goytacá os  ancestrais  invadir os palácios de todos tupiniquins canibais  mesmo que o templo esteja escuro não me mostre o que preciso não quero perder o meu  juízo nos currais de assombradado tem um morcego nas cancelas principais vamos pichar nos muros : sem justiça não haverá paz

 para Luiz Ribeiro in memória


no lado esquerdo

do peito

o direito não conforta
nem comporta a estrada
que preciso

nu poema 

a porta
que se abre
à procura do inciso


31 janeiro 2010

era um domingo de sol rock and roll e poesia irina gozou comigo quando beijei santa teresa no parque das ruínas com uma bela imagem de cristo tatuada em nossas costas depois de uma noite de sonhos amanhecemos nas laranjeiras dentro do severina o famoso botequim

mais uma vez me beijou e   ali no pé do ouvido me falou bem assim: - vamos pra saideira meu vampiro goytacá canibal tupiniquim -  meu serafim

a saideira foi itacoatiara itaipu engenho do mato dentro engenho de dentro fora quando penso que clara está vindo irina já foi embora

*

o barro de alguns barracos  continuam entranhados na carne com seus  nomes tapera cacomanga cupim queimado cambaíba ururaí olinda morro grande santa cruz quilombo lagamar guriri trago a poeira na sola dos meus pés o sangue das pessoas trouxe impregnados nas  unhas vampiro  goytacá canibal  tupiniquim  no  branco do papel deponho a faca a foice navalha canivete já fui moleque pivete das esquinas dos bordéis da rua do vieira paraíso perdido joazeiro coqueirinho nas mallarmargens da br já fui do breque dos pandeiros das cuícas do couro cru na carne viva goytacá boy perdido na paulista roubei poemas do piva para vender nas lanchonetes mar a vista em bertioga e o coisa ruim do ademir continua na ponta da língua da memória quando  criança brincava nos sonhos com cobras de pique esconde no porão da casa onde aprendi a enxergar   clara/luz na escuridão quando seus olhos de vidro   viraram espelhos para os meus numa madrugada  27 agosto  1948 datas também me acompanham desde que vi o primeiro clarão diurno quando o trem passou para dores de macabu  quando estive na bolívia senti o cheiro de corumbá ali de perto em assunção do paraguai porto viejo canavarro o barro vermelho no carnaval pelas fronteiras cerveja com caldo de piranha  a dona de um bordel no pantanal chamava os jacarés com nomes de jogadores de futebol quando perdi o avião pra boa vista


tem noites que a lua cheia me chega com sangue entre os dentes com aquele gosto de veneno escorrido das serpentes tem dias que as serpentes me chegam com gosto de lua cheia


a mulher dos sonhos me deixou de quatro a ver navios com pavio aceso essa palavra incendeia os poros pelos orifícios esse meu ofício de perfurar na carne o que não cabe in-verso nem por um segundo nem por um milímetro nesse acampamento logo depois da febre como marimbondo provo o teu veneno


quem me vê

assim

tão comportado

não sabe

o que se passa

aqui no centro

 

não sabe do vulcão

em erupção

nesse serTão

do mato dentro


a traição das metáforas

para juliana stefani

 

dandara ainda mora naquela beira  de estrada com seu vestido amarelo no rio grande do sul mesmo que não esteja ainda a vejo atravessando a calçada saindo do carro azul abrindo o portão da casa de 7 portas douradas com mil  garrafas de vinho psicografadas na sala por algum poeta dos pampas que escreveu por aquelas rampas o que testemunhou nos vinhedos quando italianos chegaram nas serras dos meus segredos


origem

 

sou afro-tupi guarani goitacá que subiu o paraíba para o litoral paulista nasci na cacomanga bicho do mato curupira carrapato sou campista não tiro onda de turista sou retalhos imortais do serAfim comigo é assim : nem fiado nem à vista

 

 II

 

áfrica sim minha mãe de sangue cresci mamando do teu leite lambendo o sal da tua carne quente bebendo água suja no tanque sou fel pimenta azeite quem quiser que me aguente eu sou a lama do mangue


metáforas em linhas curvas

quando manhã canta e não chove lucia me fala das coxas de yve mergulhadas no pontal até a última sílaba do poema letras salgadas de mar embora mesmo que agora chova e a noite seja um relâmpago de estrelas sinto que nos falta um vagalume para alumiar a escuridão tantas vezes lamparina acesa no bar de neivaldo foram lâmpadas florescentes entre olhos famintos de luz no verão de 2010


 

minha escrita

grita

muitas vezes

invento 

palavras soltas ao vento


a flor dos meus delírios

 

tem cheiro de poesia relâmpagos de iansã incêndio no meio dia netuno em polvorosa me disse em verso e prosa que ela vem com o frescor da maresia e eu serei o seu ogum anjo da guarda e companhia hoje mesmo distante essa preamar me incendeia ondas espumas explodem na areia tempestades trovoadas ventania e nem sei se estando perto                                      calmaria


estação 353
para cecília in memória


eu planto
minha estação existe
a adubagem orgânica está completa
não sou negacionista nem sou triste
sou poeta

irmão das coisas da alegria
eu sinto o gozo no tormento
atravesso noites e dias - invento

eu sei que planto
e o sistema é bruto
mas a terra gira como pomba gira
amora minha eterna namorada
e amanhã eu sei colherei teus frutos
nessa minha estação amada


 

       hoje me surgiu esta ideia:

estava lendo antonio cícero

e antonio carlos secchin

e ai pensei - ler ler ler ler re-ler

não escrever - parece-me brincadeira

aprendizado para vida inteira

do mim dentro de mim

o Eu dentro do Eu

o Não dentro do Sim


metáfora 1

suspenso no ar às vezes penso se devo pensar tanto como um poema de mayakówski ela um dia virá ao meu encontro e ressuscitará o poema que ontem não nasceu a vida não é só flores ela me disse clarice em cada coisa tem o instante em que ela é as vezes também penso ela não virá aí vou para praça jogar milho aos pombos ao jardim zoológico dar comida aos patos os meus sapatos já conhecem os anos de espera na última primavera os lírios não nasceram e as rosas eram só espinhos com minha língua na faca cortei a fala ainda na garganta e fui pra sala afiar o taco ela não sabe que o vinho que guardei pra ela é de      uma safra especial de bacco


  hipotemusa

 a menina da lanchonete hoje rói as unhas de ira pira quando quero  o que ela pensa que é apenas bolero na praça são salvador com esse poema torto que te leva ao desconforto de pensar o que não sinto como ela vive sozinha entre pastéis e empadas sua vida é hora marcada de entrada e de saída não conhece uma outra vida por isso me olha estranha com uma sede faminta de comer meus olhos  com palavras – quando te digo : não minta


hipotemusa 1

 

a menina da lanchonete

em frente a floricultura

são salvador

mexe na flor dos cabelos

dedos entre pelos

enquanto aguço os olhos

pensando mar de abrolhos

na terceira margem do rio

leio um poema no cio

 grafitado em isopor

 

não sendo assim

   que  seja como for


hipotemusa 2

 

ela bagunça meus 7 sentidos

aguça lambuza

planta um punhado de brócolis

no pé do meu ouvido

me dá de beber mastruz com leite

de comer esphirra koreana

lhe chamo de sacana

ela me diz que é bacana

me fazer de pé de moleque

pra lamber meus sustenidos


hipotemusa 3

 

 ela agora usa piercing no nariz

sem medo de ser feliz

joga capoeira no mercado

aprendeu dançar suing

não dá mole pra racista

nem pra patrão

que escraviza empregado


hipotemusa 4

 

essa garota me alucina não sabe ficar quieta com santa teresa no parque das ruínas tem mais de mil desejos um deles é quebrar meus óculos com sua fome de beijos tem mais de mil ofícios um deles é mapear o litoral das minhas costas pelas praias de são francisco essa garota é bárbara afrodite artemanha de iansã me banha com sua língua de vênus as terças-feiras de manhã


hipotemusa 5

 

quero botar no seu orkut um negócio sem vergonha um poema descarado já chegando fevereiro e meu rio de janeiro fica lindo mascarado

 quero botar no seu e-mail um negócio por inteiro eu não sou zeca baleiro pra ficar cantando a mama que ainda tem medo do papa

 meu negócio é só com a mina que me trampa quando trapa meu negócio é só com  a mina que me canta ouvindo                 rappa


hipotemusa 6

 

vou encontrá-la no rio psiu poético sentidos todos plural um tanto cético nessa ponte para o nada - duvido que não exista alguma esperança nos olhos de uma criança disse-me a hipotemusa no amarelinho da lapa antes de atravessarmos para o ccjf com alguma poesia na manga do lado esquerdo do pulso rasgar o verbo da fome e entregar à  cara a tapa


hipotemusa 7

 

hoje acordei com uma vontade da porra de trepar na goiabeira talvez assim quem sabe ela me chame de jesus e tire ele da cruz

 ou quem sabe bacurau ou quem sabe bacuri para acabar com carkamanos

 ou então até quem sabe ela me chame de exu cabra da peste do nordeste koreano


hipotemusa 8

 

pode ser que ela nem saiba o quanto o tanto o torto pode ser que ela me queira bem debaixo do vestido e me chegue como sempre me rasgando a roupa me lambendo a boca sem vergonha alguma e me pegue bem assim descabelado displicente distraído pra querer mais uma poesia pra entortar 7 sentidos


hipotemusa 9

 

ela me deu um beijo na boca e me disse carne seca me interessa assada na brasa como sua língua quente salivando entre meus dentes enquanto conto peixinhos na baia da guanabara na hora do gozo pode cuspir na minha cara essa gosma de lesma na calçada pedra faca trinca ferro na janela casa mal assombrada cosme velho coisinha de sal e o bruxo          ainda escreve dentro dela


hipotemusa 10

 

quando alvoroçar os teus cabelos

quero outras coisas alvoroçadas

                    poros pelos entradas

 

maria padilha

pomba gira cigana

presente na trilha

de qualquer oxossi caçador

 

beatriz sua filha de santo

foi quem vi no espelho

da minha mesa de búzios

quando joguei para xangô


hipotemusa 11

 

fulinaimânica sagarínica

algumas vezes muito prosa

tantas vezes muito cínica


hipotemusa 12

 

foi em são carlos a última vez que fui encontrei alzira pira da pira de piracicaba incendiou minha carne devorou meu esqueleto o lance só acaba quando mergulhamos em são josé do rio preto era uma japinha que conheci em batatais depois da prova dos 9 deu adeus e nunca mais


hipotemusa 13 

 

como ninfa estrangeira ontem me veio envolta de plumas em estado de poesia na baia da guanabara estudava antropologia pelas marinas do rio no sexo sempre quentinha feito uma gata selvagem gozando a vida no cio vestida em pele de algas despida nos desvarios lambeu o mel entre as coxas    desapareceu no navio


hipotemusa 13 

 

como ninfa estrangeira ontem me veio envolta de plumas em estado de poesia na baia da guanabara estudava antropologia pelas marinas do rio no sexo sempre quentinha feito uma gata selvagem gozando a vida no cio vestida em pele de algas despida nos desvarios lambeu o mel entre as coxas    desapareceu no navio 


hipotemusa 14 

 

nem bem havia anoitecido no parque das ruínas teus olhos de lamparina tocaram a pedra do reino nas águas da guanabara coisa rara aquele peixe brilhante dentro daquela boca com seios de primavera e vinhos da santa ceia em tua língua muito louca 


jura secreta 101

as orquídeas ainda são azuis
girassóis relâmpagos na chuva
na surpresa dentro a tempestade
dessa manhã que finda
pimenta tua boca em chamas
incendeia meus lençóis profana
essa linguagem como arco-íris
como fosse pulsação que arde
nas entranhas dessa luz de fogo
nos meus dentes mastigando a tarde


todo dia que não amanhece

anoitece

quem nunca leu sagaranagens

não pode dizer que me conhece


hoje na michigan vi o cara de bunda pra lua tirando cocô de cachorro na calçada torta tonto na califórnia cachorros moram em apartamentos bem diferente lá no engenho de dentro os cães uivam na ferrovia não são lobos mas parecia o outro cara dando marretadas na laje na esquina da santo amaro estação corpo belo universo paralelo vida louca vida irina sorria enquanto beijava o sorvete trepada na padaria na outra esquina do dia rúbia querubim quase entuba enquanto volto pra munduba setenta e um guiado por federika a flor delírio de oxum 


  anjo torto

 

quando nasci torquato neto

veio ler a minha mão

tinha chegado de teresina

com uma garrafa de cajuína

e um livro na outra mão

e eis o que o anjo me disse

apertando a minha mão  

com um poema entre os dentes

:

vá bicho!

não tenha medo do inferno

seja um poeta moderno

cheire as flores do mal

que a poesia de Baudelaire

vai te salvar no final


minha irina toda via

é travessa e atravessada

em transversas travessias

trepa sempre nas esquinas

contra o poder da tirania


no princípio era fábula depois veio o verbo logo depois a ficção e aí começou a invenção bem depois das sagaranagens antes fulinaimargens depois das fulinaimânicas atrás das fulinaímicas nem circo nem tarde de mímica apenas alguma paisagem na janela da viagem quando lia o lado b         me transmutando em alquimia


a selva de concreto fala pelos seus poros ela veio de outra mata virgem agora devorada pelos dentes da cidade irina evapora não chora mamãe não chora a vida é assim mesmo inda não fui embora


onde tudo é carnaval

minha madrinha se chamava cecília nunca soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao lado do colégio estadual nilo peçanha primeiro endereço que conheci nesta cidade antes de estudar no grupo escolar xv de novembro de onde muitas vezes assisti desfilar a mocidade louca ao lado do meu padrinho benedito que inventou deixa que eu chuto meu guardião absoluto


 

entre muros e paredes do presídio federal de brazilírica macabea foi jantada pelo pastor de andrade no carnaval da mocidade tem memórias por lá adormecidas que ninguém ousa contar a hipocrisia  varreu daquele território a rebeldia marca registrada de um tempo que não podemos apagar trago nas nervuras entre a   carne e os ossos marcas de explosões da caldeira na tipografia das letras onde tentaram me domesticar

mas sou vampiro goytacá

          endiabrado serAfim

    sou canibal tupiniquim


meus 7 sentidos

 

fulinaíma me veio no vento um instrumento invento para acrescentar a minha escrita para escancarar a minha fala percorria a   bandeirantes quando me dirigia para campinas com oficina de artifícios e não sei em que ofício a pedra do rock rola a pedra do vento voa depois de um instante qualquer que seja o estalo nos meus 7 sentidos já perdi a conta do tanto faz então pra mim tanto fez o faz de contas que me quiseram impor sem ao menos saber se quero o tempo ajusto as pedras que rolam meu calcanhar é testemunha em toda veracidade verdade deve ser dita em qualquer tralha da cidade porque bem sei por quantas trilhas já trilhei para chegar até aqui


 afora em mim grafitemas  nenhuma figuralidade  frutas legumes verduras quem cala a fala consente  houve um tempo que a dita/dura  calou a fala da gente grafito em tua carne de pedra  medusa de sete patas  poema de sete cabeças  miragens do amor que enlouqueça  apóstolos na santa ceia  miró brincando de circo  com os olhos na lua cheia 


jura secreta 102

 

a carne que me cobre é fraca
a língua que me fala é faca
o olho que me olha vaca
alfa me querendo beta
juro que não sou poeta
a ninfa que me ímã quando arquiteta
o salto da abelha quando mel em flor
pulsa pulsa pulsa pulsa
na matéria negra cor
quando a pele que te veste é nada
éter pluma seda pelo
quando custa estar em arcozelo
desatar a lã dos fios do novelo
no sol de amsterdã desvendar hollandas
e os mistérios da palavra por entre o nó dos  cotovelos


meus dedos esticados
como cordas de pianos
roçam teus olhos azuis
eu tenho planos
de te tocar com blues


o poeta é um fingidor

chove aqui dentro
mais do que lá fora
eu tenho pressa
de olhar teus olhos
nesse mar de angra
o pau brasil ainda sangra

enquanto isso
ela passeia no egito
entre templos sagrados
dessas múmias quânticas

me perdoa
o poeta é um fingidor
mas eu não sou fernando pessoa

qual lamparina me ilumina
e por onde andará macunaíma?


sombras na parede as vezes me invocam falas delírios outros nem precisa tapa na pantera muitas vezes uma doze de conhac basta como quando editávamos o curta tropicalirismo jiddu me colocou na mala da fama foquei lá e até hoje não achei outro endereço minha cama tem colchão de palha e a tua tem lençóis que não conheço


quem diria

filho de lavrador

e mãe analfabeta

um dia no brasil

ser chamado de poeta 


ainda existe uma mulher
que me distorce o crâneo
me disseca e me atraca
quando chego ao cais

com esse barco em movimento
essa carcaça de lâminas e ossos
um mulher que me estica o plumo

e me satisfaz

me enrola em desenredos
e me deixa arame farpado
a ponto de me sangrar os dedos


vampiro lobisomem

 

tenho frequentado os telhados junto aos fantasmas da planície visitado os territórios lamacentos da cidade em cambaíba por exemplo espreito os fornos crematórios de um passado inda recente voltei aos braços dos desamparados indigentes da contra mão os que foram trucidados por gritarem contra ditadura                                     escravidão


                                      do som dessa palavra

nasce uma outra palavra

fulinaimicamente

no improviso do repente

do som dessa palavra

nasce uma outra palavra

fulinaimicamente

 

 muitas vezes

 descrevo minha musa

num poema menos lírico

mais intenso

mais irônico menos penso

muitas vezes 

 quero estar em  alfa

mas estando  em beta

a massa do abstrato

na argamassa do concreto

minha musa é linha curva

não  poema em linha reta


teatro do absurdo

no próximo dia seis vou me despir de vez rasgar os p(l)anos no próximo dia seis no parque desengano plantar amoras pedra bonita – metáforas para os olhos de quem não vê isa bela acha bonito tudo aquilo que não falo no próximo dia seis desmontar o circo no universo paralelo montar pirandello beckett  ionesco artaud fernando arrabal no próximo dia seis vou me despir pro carnaval


resumo

 

ela tinha as mãos tão suaves que tocavam-se como quem tem a pele sob a chuva de setembro eu procurava colher maçãs no horto de santa maria madalena olhava a montanha e lembrava-me de selvagem que fui aos olhos dela enquanto ainda vivia na tapera o meu cavalo deixava na porta da cidade escrevi sobre isso no poema quando o tempo rasgou meu corpo na calçada e trouxe-me folhas de papel em branco.




serAfim 2 -               rúbia querubim a desejada de federico baudelaire 


irina agora também é modelo dessas pinturas clássicas que a gente não sabe qual foi o pincel         usado pelo pintor 


a travessia vou fazendo

no inverso

entre os lábios da tua boca

e as letras do teu inverso

 

além de tudo meu olho foca

meu olho toca meu olho vê

tudo aquilo que você não lê


 quieta aqui nessa solidão capixaba quantas vezes me vem em sonhos ou alucinações contemporâneas tudo o que não fui eu não era a bruna beber muito menos débora seco mas ele gostava até queria que fosse assim como biúte me chamava de vários nomes ao mesmo tempo aquela profusão de palavras como inseto em volta da lâmpada e os cálices nos lençóis de algodão as vezes linho para atiçar nossa luxúria com a contribuição da enel que nos deixava quase sempre no escuro na guarapari do espírito santo uma noite ele passou o tempo todo lendo pagu no meu ouvido e macabea não se conforma por ter sido deixada de lado nas artes cínicas do presídio federal de brazilírica trafega com seus fantasmas pelos corredores falando para o vento que entra pelos                 buracos das fechaduras 


nasci no dia nacional do samba talvez por isso aos 15 entrei para mocidade independente de padre olivácio – a escola de samba oculta no inconsciente coletivo instituição criada pelo intrépido artur gomes uma filial da igreja universal do reino de zeus pastor de andrade o antropófago não anda muito satisfeito com meu comportamento a frente da bateria da escola mas como sou capixaba e não amo capixaba e a única coisa de capixaba que gosto é a torta e o quibe de peixe amor com capixaba não faço já disse isso milhão de vezes mas faço amor não faço guerra e quem quiser que me queira por essa terra inteira


não conheço

mas é como

se conhecesse

 disse-me ontem

a psicóloga

 antes que

amanhecesse

 depois de uma noite

de trégua

depois de passar a régua

 na direção dos caminhos


os olhos da janela

me espreitam

enquanto devoro

este poema

       salgado de sol 


sede

eu tenho sede de água
eu tenho sede de mar
girassol nos meus cabelos
espuma de sal esperma e pelos
por onde eu possa delirar
eu tenho sede de sexo
em noites claras de luar

 

 

                              se eu não beber teus olhos

não serei eu nem mais ninguém

 

quando beijar teus lábios

desço garganta mais além

 

quando tocar teu íntimo

onde o desejo é mais intenso

 

jura secreta não penso

bebo em teus seios também


a flor da tua pele
me provoca
me toca
e não sei o que fazer
me perco nas esquinas
do teu corpo
em noites de lua nova
como uma prova de física
que eu nunca soube resolver


espírito santo


guarapari aqui estou
aqui me encontro
em estado de espírito santo
nesse mar azul e branco
como as cores da portela
o rio já passou em minha vida
nas marés de um serafim
mar é o que me fica
como o deus que me habita
sem princípio meio ou fim

 

 

musa
que é musa
não tem vergonha de nada
escancara a cara no espelho
se desnuda pra fotografia
teu corpo camisa de vênus
a flor da pele irradia
rasgando a camisa de força
tua carne     só poesia


mulher de nuvens
para micaela albertini

fosse eu uma mulher de nuvens
não estaria aqui presa
a este mar nas marés suor ou cio
passaria com o vento
sem deixar rastros vestígios
pegadas
voaria sobre estradas
sem destino cais ou porto
viajar mesmo sem nenhum conforto
ou calmaria nas partidas
ventania nas chegadas

 

o belo me excita quando vem assim seminua não importa o sexo gênero cor na imagem que me traga essa leveza de estar como pluma levitando sobre o poder da gravidade não importa o nome ou o tipo de sangue que circula pelas veias nem o sal do suor escorrendo pela pele enquanto aqui teço                                homenagem ao eros que me come


metáfora por metáfora

 

se ele pensa  também penso mas não compenso carência de ninguém  e vou além do outro lado do cerne tudo o que está dentro ou fora do corpo o que vai e vem na hora do sexo se não me agrada meto a faca corto metáfora por metáfora  o músculo/pênis que não me deflora 


serAfim 3 -        federico baudelaire o mestre sala dos mares 


meu abraço pra brasilha a minha ilha de creta  a catedral dos desamores essa estranha cidade secreta onde  o fascismo e seus louvores um belo dia se instalou vai ser preciso muito amor vai ser preciso muito sexo vai ser preciso muita luta chutar o balde convidar as putas para cantar em alvoradas muitas vezes no congresso muitas vezes na papuda quem sabe um dia a coisa muda quem sabe um dia essa pátria se desnuda e se solte  então dessa corrente com as mãos  jorrando   outras sementes no carnaval de salvador 


irina serafina

nem minha

nem tua

toda dela semi-nua 


escrevo

como quem

pesca uma piaba

no rio ururai

 vou por aí

de itabirina

a iriri

 se não cansar

cato conchinhas

de anchieta

a quipari


 você ainda não conhece tudo que um dia bem-te-vi no pontal de atafona no portal do imalaia ou na lagoa grussaí 


você está se aproveitando da nossa situação e está de olho na minha mulher não vai colar porque gigi federika lady rúbia eugênia agora é minha quem mora com ela em iriri do espírito santo sou eu pode tirar seu cavalinho da chuva seu tempo de guarapari passou se não é capixaba que se dane quero mais que o quiabo voz carregue porque sua banda de reggae aqui não toca aqui não é freguesia do ó e você nem conhece quibe de peixe pra ficar jogando isca no meu quintal de areia sua sereia já morreu faz tempo o templo agora é outro pastor de andrade me deu a chave de entrada da cancela principal gado aqui não entra e o bom cabrito vai berrar do lado de fora dos telhados assombradado ficou ali na outra esquina no casarão dos fariseus essas coxas de meninas que vai lamber sou eu


 

só quem sabe do riscado

        entende o seu ofício

 procura palavra nua 

toda viva toda crua  

o resto que se foda

 quero toda palavra toda

      toda bruta toda puta

 na artimanha do concreto

        no abstrato do ereto


                             *


                    para rúbia querubim

 

a pétala da flor deságua sobre a flor da tua pele nas águas salgadas desse mar nas correntezas desse rio eu bebo tudo que revele cada gota dessa água na leveza do teu cio sob os lençóis da tua cama                                            acenderei os teus pavios 


alfândega

em santa cruz de la sierra
o poema e o anjo torto
se beijam num copo de vodka
com pimenta boliviana
e traçam mayara cigana 

que me deixou no desconforto 


A

travessia no inverso do meu tempo sem lenço sem documento janelas abertas ao vento

                                          o poema freudelérico

não tem nada de pessoa

na vitrola rola um demônios da garoa

e o poema mete a língua

no avesso da linguagem

rasga os tecidos da mortalha

assombrado com o verbo desemprego

afia ainda mais a carnavalha

com sua faca de dois gumes

no descompasso do desassossego


bolivariando 2

 

eu sempre andei no encalço dos olhos de carolina na fantasia dos meus passos
tem confete/serpentina
onde o profano e o sagrado em puerto viejo cavajarro se encontram em outro tom a cigana boliviana com seus olhos de pimenta com suas pimentas nos olhos me levou para lá da sierra de santa cruz da bolívia onde se masca folhas de coca antes do coito das cinco sem chá sem torrada e cerveja muito menos   o sexo ali é na porrada(verdade não invento)   com  fogos de artifícios botando fogo em  carnaval 

           no serTão do mato dentro


 

poética 43

 a percepção acho que é um dom uma descoberta um pássaro que pousa em nossa cabeça e nos atira aos fios elétricos do corpo  liberdade vem de dentro do motor  dos músculos os ponteiros que só se movem quando querem o repouso absoluto é uma forma de silêncio não vejo muita graça em ser sozinho solidão as vezes faz bem noutras assusta mas se tenho um amor que ainda não me diz abertamente do diamante que mora dentro dele  toco -  a música dela tem itálias e palavrões as vezes quando me pergunto onde vou nem sempre tenho respostas  aliás respostas é o que menos tenho encontrado para as 25 mil perguntas paradas no ar  o rascunho dos meus primeiros dias ficou esquecido numa tipografia do tempo emoldurado na tinta que mudou de cor


poétttica

imburi – essa palavra estranha
só existe em são francisco
e me arrisco
a pensar que seja engano
o biscoito de polvilho
farinha branca no trilho
morreu mais um – menos nada
a tapioca na telha
e o sol sumiu na estrada


pedra dourada


amo a pedra
onde ela mora
estive lá
já vim embora
assim sozinho
mas é como se essa pedra
estivesse ainda em meu caminho


pérola dourada

 

houve um tempo numa primavera passada conheci pérola dourada numa pedra onde o tempo agora é saudade por toda pele grafia na minha íris/retina trouxe a pérola dourada na menina dos meus olhos olhando os olhos da menina em cada pedra que havia


 no hotel amazonas - galvez o imperador do acre  hospedou-se  em  sua passagem por campos dos goytacazes em direção a vitória do espírito santo e deixou por aqui o vampiro goytacá que mora neste hotel até hoje e passa as madrugadas na janela do quarto olhando o pátio interno tentando reencontrar o seu amor nina aroeira vestida de benta pereira nos cavalos do imperador muitas vezes vi lágrimas descendo dos seus olhos e as mãos apontadas para o telhado do outro lado do corredor enquanto rezava para santo antônio  se espantou com alguns  passos nos  corredores da linda  flor  florlisbella dos  passos então conquistou


serAfim 4 -                gigi mocidade rainha da bateria 


um dia desses
quero ser sérgio sampaio
porque hoje tô de bode
na cabeça um para raio
tô comigo ninguém pode
soltando bichos no porão
tô faísca tô kabrunco
tô um relâmpago lamparão


a vida não basta

se me bastasse seria outra
clarice quem sabe
beatriz que fosse
fruta que gosto de comer
antropofagia canibal
pronta pro bacanal
filha que sou deste país
de fevereiro
onde todo ano é carnaval
e a vida do meu pai
se foi em sangue
uma bala no estômago
e uma manchete de jornal


 por mais paradoxal

que possa parecer
bailarina
não é um ser normal
como qualquer um outro ser

 

nesta noite quieta
entre lençóis e travesseiros
eu aqui inquieta no meu canto
ouço bob dylan
bebendo esse conhac
com tua língua
em minha boca
pelas noites lá do sul
meu brinquedo bverde/azul 

trago de volta  nos vinhedos
tua pele entre meus dedos
o poema em guardanapo

até hoje está guardado
na moldura em teu retrato

 voragem

para ferreira gullar - in memória

não sou casta
e sei o quanto custa
me jogar as quantas
quando vejo tantas
que não tem coragem
         presa a covardia

eu sou voragem
dentro da noite veloz
e na vertigem do dia


acho que meus queridos estão todos pirados esses últimos anos de pandemia deve ter afetado as ondas elétricas dos múltiplos cerebelos os fios dos cabelos enferrujados de sal e maresia lá nos anos 90 uilcon serafim me alertava sobre essa onda magnética que se espalharia pelo planeta nos currais nos palácios nas bodegas ademar cardoso também em jardel ricardo pereira lima márcio coelho gabriel de lapuente antes até dos 80 no by brazil do black river de registro a batatais enquanto dalila do abc continua pilotando os alpharrábios zhôo muito zen pensava que tudo seria nuvem passageira enquanto césar conversando com raul já me dizia que a lucidez mora ali do outro lado esquerdo de assombradado enquanto rubens  jardim só quer saber das mulheres com  poesia cada uma em seu quadrado 


as vezes distância dói
no centro
as vezes o buraco é fundo
não sei entender direito
como se mede um mundo

 

 geleia é um personagem misterioso meio dionisíaco que vivia nos porões do studio 52 lá pelos idos de 1987 nem sei quando onde como nasceu vivia aprontando com o seu projeto de psicanálise popular com um divã em cada esquina na primeira festa das bacantes nos altos da catedral  quando pensávamos ser eunuco devorou a  santíssima trindade  dela hoje só resta rúbia querubim e um sacrossanto serafim que despachou federika  para os corais do recife nas marés de pernambuco 


vez em quando geleia passeia pela igreja universal do reino de zeus para tirar um sarro com seu pastor de andrade na missa pagã do sétimo dia coloca os dedos e a  hóstia na língua das ovelhinhas para a encenação do ciúme nos olhos da sacristia em tudo que  é sagrado pra ele não  tem segredo os cinismos da hipocrisia em  suas juras secretas decreta estado de sítio em estado de poesia


com o amor trincando os dentes


parece até que eu não sabia
que ela fugiria da raia
golpe com rabo de arraia
deixa qualquer uma tonta
ela não estava pronta
se encontrava semi nua
sem coragem de despir o resto
sem coragem de encarar a cama
amarrou-se nas correntes
sem coragem de escancarar a porta
fechou-se então nas janelas
com o amor trincando os dentes


 anti/lírica


um poema bashô aqui
nas 7 paredes do corpo
nos 4 cantos da casa
instigante satírico sarcástico
e ao mesmo tempo
esse ácido lirismo
é como um anjo
de belas brancas asas

que me toma arrasta domina arrasa


poética 86


teu silêncio
pedra na garganta
saliva seca
nessa língua faca
por quê não canta
a dor de cotovelo?
derruba essa parede
que te cerca
desamarra essa corda
que te enforca
rasga essa mortalha
que te mata


penso em vão não escrever certa vez comecei um poema com vírgula as curvas dos seios no branco do papel o caminho entre tecidos sob a pele para o túnel onde não passam automóveis a vírgula não é ponto apenas um sinal no início do poema que não precisa ter ponto final apenas curvas em direção a outras curvas para encontrar as outras vírgulas no início do poema


diante do espelho sou
e sempre serei outra
agora o que não sou
fica do outro lado de fora
a lâmina acesa  a brasa
o sal do suor do cio
o mar entre minhas coxas
e mangue entre minhas pernas
os caranguejos que me invadem
                 sempre que me olham


hoje vou comer  coxinhas na santa ceia paulistana vou comer fiado vou comer de graça
coxinha só se paga a prazo a perder de vista na pia no banheiro no telhado na cozinha coxinha se come aos montes nas ruas nas praças nos palácios nas garagens coxinha é massa de manobra amassada com trigo com farinha
carne que se presta pra usar comer e jogar na lata de lixo 

coxinha não é gente
coxinha é pior que bicho


linguagem

abraço este poema
como se beijasse meu poeta
com suas linhas tortas
em meu corpo tatuado
teu nome e sobrenome
como um gozo ardente
tua língua ativa
me lambendo quente
e todo líquido escorrendo
por entre o vão dos dentes


toda nudez não será castigada

estou nua em pelo
disfarçando o pesadelo
para olhar do alto
o palácio do assalto
e seus metralhas

minha língua é faca
não é palha
é palavra pronta
pra cortar a carne
como fio de navalha
onde houver canalha
         toco fogo dentro


pecadora confesso

estando toda no cio
no corpo querendo tudo
minha mãe que me descreve
já me conhece do parto
eu sou vadia e não te iludo
eu tenho as veia abertas
um furacão entre as coxas
um vulcão no ventre/útero
mas só um homem me come
desde a minha tenra idade
nas ostras cravei meu nome
            eu sou gigi mocidade


fico nua para o vento
relâmpagos trovões
tempestades temporais
e ventania
não tenho em mim calmaria
trago vulcões em pensamento

    

a tentação sou eu


deito pra lua
só ela p(h)ode como eu quero
penetrar-me com sua luz de fogo
me deleitar com seu leite
eu quero a lua cheia
que me entre o mar das cochas
e me engravide com seu manto
e que não fique algum quebranto
o mal olhado o olho gordo
que me lave com seu líquido
e me leve até são jorge
montado em  seu cavalo branco


o rei está Nu

a rainha também

o palácio dava para

os fundos

do submundo

onde morava

a loucura tântrica

em suas garras semânticas

como física quântica

ela gozava solitária

no anoitecer de todo dia


serAfim 5 -           federika lispector a ponta da lança 

desconcerto


o poeta é um jogador
joga com palavras
letra por letra
sílaba por sílaba
com nomes sobrenomes
universo das coisas
artifício das cores
tira um sarro com metáforas
desconcerta a lírica
a métrica a fonética
e os significados
onde não tem sentido
enfeitiça o sub-mundo
enaltece o desdentado


espelho


flechas que sangraram oxóssi
em meu peito quebro
espelho do outro lado
da rua mato a fera
ogum me deu a lança
tua fúria não me alcança
não ando só yansã
me leva em sua ventania
trovão estampido coice elétrico
tenho o reflexo do fluxo
do sangue que me embala
bala na veia tiro de letra

 

não tenho trava não tenho treta
branca ou preta eu traço o tempo
ao sabor do vento que vem
ao sabor do vento que vai
onda do mar eu tenho o sal
e quero sol a solidão não pega
de surpresa nunca fui presa
fácil pra tua armadilha
eu tenho a trilha que os teus pés
                            jamais irão pisar


não tenho certeza que isto é um país ando por recife entre pedras como quem vomita um planalto dentro do palácio grafito a porra no muro tenho vontade de explodir este barril de pólvora esta é a palavra que não basta eu trovoada relâmpago ventania temporal elevada a múltipla potencialidade dessa  miséria quântica

nessa imoral brasilidade


o dia que eu estiver vestida

não me toque
deixe que eu troque
o sentido para o truque
na armadura de ogum
a trama pro desejo
que não dou a qualquer um


desassossego

o meu amor não tem sossego
morde lambe chupa come
teu corpo que ainda não conheço
tua carne - nem se quer tem endereço

o meu amor não tem apego
agarra larga prende solta
atira ampara - é cachoeira
escorre como trovoada

iansã em tempestade
o meu amor é livre e limpo
quando a alma está lavada


 

desejo sexo amor paixão

fantasia

aos olhos de wermmer
tudo é possível crer
até em quem não cria


diante do espelho fico zen
chamo zeca baleiro de meu bem
canto a mama canto o papa
canto o negão do rappa
canto até quem não conheço
e não preciso de endereço
pra mandar cartão postal
              canto a mina da esquina
                que se chama lys cabral


lys não a de fando nem do bando do rancho da  carmélia  passeava certa noite em itapoã de bunda pra lua ouviu o canto da sereia se despiu de toda amélia  foi me procurar na federal na ciranda do boi cósmico não ouviu seu pai de santo queria me dar por todo canto até mesmo na plateia mas voltou pro morro de são paulo para espanto da geleia 


translúcida

 

levanta natureza morta  você não é cubism0 de picasso nem surrealismo de  dali diante os cabelos de aço de frida calo muitas vezes vejo muitas coisas ao mesmo tempo na fotografia dou um corte no pensamento para que o vento me traga o norte levanta pássaro sem sorte o passo em falso o cadafalso predestinada  a sina

                                 em sua morte


subversiva 1 - 15 – outubro -  2022


eu não sou santa nem casta a vida é bruta e não me basta vou a luta uma quadrilha de filhos da puta tomou o congresso  de assalto o lugar deles é a lata de lixo de onde nunca deveriam ter saído vamos enxotar essa putada varrer do mapa esses canalhas nem que seja a golpe de gilete a fios de navalhas se é esse o jeito ou única saída subverter a ordem o voto acelerar o ritmo da libertação a arte é arma e não temos tempo de temer a morte arte é intervenção da massa armemos o povo para o povo entender e aprender a ocupar - democracia é palavra gasta -  ferreia gullar  já nos dizia  “a arte existe porque a vida não basta” - se a massa está inerte renascer oswald para fermentá-la vamos fomentá-la com fermento dos biscoitos finos antes do anoitecer  - “quem sabe faz a hora não espera acontecer” - vamos a hora é essa eu tenho pressa não temos tempo pra espera o trem das onze está partindo e quem perder já era


a cara a tapa

tenho minha arma na língua
não nas coxas
veneno na saliva
só a cara é de anjo
o sal da ilha de creta
a pedra da boa viagem
tenho na bagagem
faca estilete canivete
afiada malandragem carnavalha

de moleque  para raspar pentelhos

rasgar bandeiras dessas cara/velas
da milenar tropicanalha


mitológica

fosse afrodite ou fosse vênus
mariana fosse quanto
a flor sagrada de lótus
secreto o espírito santo
os girassóis entre os cabelos
nos lábios lírios do campo


carnívora


o amor é feito de corpos
o amor é feito de membros
o amor é feito de meses
janeiro fevereiro março
todos os dias acordo e me lembro

o amor é feito de abril
maio junho julho
o amor é feito de agosto
setembro outubro novembro
o amor é feito dezembro

o amor é feito de anos
o amor é feito de agora
horas minutos segundos
é razão de estar no mundo
o amor se faz toda hora


 serAfim 6 - artur kabrunco garrutio lamparão 


operação de risco

 

 aqui  assumo o kabrunco como sobrenome de um  desses  12 apóstolos de zeus nessa profana e canibalesca santa ceia para provocar os lobisomens assombrados espalhados pelos telhados dos laranjais de são francisco


 não sou de morder comer chupar calado como mordo chupo e canto com meu coração de galinha depois que boto o ovo e o sangue escorre pelo ânus depois da dentada do vampiro por mais que me chame espanto sou muito mais que isso lingüiça de chouriço sangue de porco na tripa cachorro louco cão danado nascer em agosto não me é desgosto pelo contrário me ins-pira por quê me chamas fulinaíma? fumaça escorre pelos orifícios de esqueletos refratários caramujos passeiam paredes emporcalhadas de vinhoto unhas navalhas sangram carnes dos deuses desencarnados os vermes ainda mordem nas camas dos palácios urubus pantanais pastos de minotauros no planeta não sei onde ó minha nossa senhora das tempestades quando me livrar desse pesadelo?

 

arte manha

 

 depois de ler o mapa da tribo como um tigre incendiado me visto agora com a flor da pele de salgado maranhão nem sei se wally sabia dessa arte manha Salomão não posso dizer o que o poema espreita nestas tardes de brazilha  o sol o céu em quantas bocas tudo que é meu está guardado em tudo o que eu criei e o que ainda está pra ser criado e depois do que for re inventado na cor da pele  um serAfim res-guardarei como uma onça em pantanal quem sabe até flor do cerrado mandacaru brotando em  mim

 

talvez não tenha lógica o que escrevo minha escrita grita do inconsciente coletivo vivo re-par-ti-do em três em quatro em  cinco em seis em  sete quem não conhece não se mete

                em tudo aquilo que excita


salve meus erês meus eguns meus xangôs e meus exus salve meus oguns meus oxossis omulus salve iemanjás oxuns e iansãs todas as manhãs que ainda ardem minhas mordidas nas maçãs das coxas de nanãs


irreverência ou morte disse gigi mocidade pra federico baudelaire homem com flor na boca mestre/sala dos mares mocidade independente de padre olivácio  escola de samba oculta no inconsciente coletivo não fujo do perigo no asfalto o beijo sujo é preciso estar atento e forte não temos tempo de temer a morte disse-me caetano na canção tropicalista o genocida  anda solto não podemos nos perder de vista

 

tenho andado vermelho de sangue caranguejos explodem no mangue boca da barra guaxindiba gargaú balas pipocas nos becos na corda bamba do hemisfério sul tenho andado nas tralhas das trilhas vendo fantasmas nos telhados e o caroço desse angu nas entrelinhas dos tratados com cascavel surucucu quem foi que disse que essa terra é santa ? quem foi que disse que isso aqui é ilha? só pode ser filha da outra a que pariu o boi zebu


linguagem


o que vai
de um lado da ponte
a outra
é o que sai da boca

o que entra é a língua
a que entorta
beija sem pedir licença
chupa morde goza
na entrada e na saída

sem ter adeus na despedida


a traição das metáforas

 

durante a viagem olhava a paisagem através da janela árvores montanhas casas abandonadas gado bovino ferro velho onde foi que não estive neste país mal assombrado tenho a leve sensação que o outono nunca vai chegar o patriarca nem vem vindo e um morcego continua na porta principal na entrada da cidade minha avó xingava quando fugia do curral e minha mãe nunca mais me esperou desde o dia em que me fui embora e o 02 não é apenas um traficante de joias no lado b da nossa história

 

a paisagem vista durante a viagem na janela mexeu com as minhas unhas sujas de lorca nem era nova granada de espanha nem canção de milton nascimento ouvia caetano cantando -  " o haiti é aqui'  - com sua língua pontiaguda e pensava o dia que o genocida vai me olhar com seus olhos ensandecidos detrás das grades na papuda


se eu não fosse macunaíma
fulinaíma também não seria
por qualquer coisa que fosse
poeta não caberia
mesmo se filho eu fosse
de uma nossa senhora 

ou de uma santa maria
afilhado de grande otelo
neto da romaria
e quando ao mundo eu viesse
em outro lugar não podia
tinha que ser cacomanga
           onde EU então nasceria


poema atávico

 

e se a gente se amasse uma vez só a tarde ainda arde primavera tanta nesse outubro quanto de manhãs tão cinzas nesse momento em bento gonçalves mauri menegotto termina de lapidar mais uma pedra tem seus olhos no brilho da escultura confesso tenho andado meio triste na geografia da distância esse poema atávico tem a cor da tua pele a carne sob os lençóis onde meus dedos ainda não nasceram algum deus anda me pregando peças num lance de dados mallarmaicos comovido ainda te procuro em palavras aramaicas e a pele dos meus olhos anda perdida em teu vestido


para gigi mocidade

procuro uma menina
que seja assim quase criança
que seja assim quase mulher
procuro uma menina
que saiba bem a diferença
entre o mal e o bem-me-quer
que saiba bem a flor que cheira
pra desfolhar o mal-me-quer
sabendo tudo brincadeira
saiba beijar o que ela quer
saiba que o beijo é um desejo
que nasce da flor quando mulher
saiba que o desejo quando beijo
não é por              amor qualquer


 

miles davis fisgou na agulha

oscar no foco de palavra

cobra de vidro sangue na fagulha

carne de peixe maracangalha

que mar eu bebo na telha

que a minha língua não tralha?


eros

tua blusa de seda
entre meus dentes
o nó se desfez depois do vinho
sob as folhas dos parreirais
vale - os vinhedos
quantas vezes eros
eletrizou os nossos dedos?


escridura

esse poema absurdo
direto no ouvido do surdo
escridura nos olhos dela
ela bem sabe o que desejo
ela bem sabe o que espero
tem canivete no sangue
tem um alfinete entre dentes
a faca que corta a navalha
sangrou as tripas no ventre
o beijo quando for que seja
de língua mordendo  a carne quente


algaravia

 

eu sou o vento que remove teus cabelos e repousa em tua face a outra face do que sente mas não vê a palavra que um dia escreverá – algaravia na películas da memória na ficção que entender come poesia menina come poesia pois não há mais metafísica no mundo do que comer poesia


come poesia menina  come poesia  não há mais metafísica no mundo do que comer poesia  come poema menina come poema temos delicados drops de anis ou chocolate de café para festejar leila diniz  temos as líricas  tímidas românticas abstratas metafóricas  atrevidas temos  os chuviscos bomucados maria mole  rapadura temos também as ácidas viscerais eróticas concretas  sensuais as que não livram a cara do fascismo e dão porrada em ditadura 


embriague-se

 já me dizia charles baudelaire

hoje estou em estado de vinho

  só venha comigo quem flor 

acaso bem-me-quer


suspenso no Ar não penso

 atravesso

o portão da tua casa

o corpo em fogo

a carne em brasa

 

tudo arde nas cinzas das horas

no silêncio da tarde 

 

vou entrando sem alarde

sem comício como o pássaro

que acaba de cantar

                    em pleno hospício 


 

se me perguntam

respondo

:

não tenho a mínima ilusão pelo futuro dessa cidade  veracidade

mas não me entrego

sou curisco kabrunco capeta

candeias

ainda tenho muitos poemas de brecht

                     pulsando em minha veias 


pedra pássaro poema

 

era uma vez um mangue e por onde andará macunaíma na sua carne no seu sangue na medula no seu osso será que ainda existe algum vestígio de macunaíma na veia do seu pescoço? na teoria dos mistérios dos impérios dos passados nas covas dos cemitérios desse brasil desossado? macunaíma não me engana bebeu água do paraíba nos porões dos satanazes está nos corpos incinerados na usina de cambaíba em campos dos goytacazes macunaíma não me engana está nas carcaças desovadas na praia de manguinhos em

               são        francisco do itabapoana


leandra andra como quem escapa da cilada de uma palavra acesa e eu kabrunco acendo a lamparina para iluminar a encruzilhada ainda hoje os dentes mordem a lavra  da palavra quando ele se despe atrás da porta para ter sua carne devorada no poema sem nenhum pudor ou receio de problemas 


serAfim 7 -          artur fulinaíma o outro 

cidade veracidade

                 campos 189

 

transverso atravesso esta cidade que me atravessa em silêncio ouço o gemido dos teus ecos por ruas avenidas e vielas sinto saudade dos terreiros de jongo nas favelas  e as lavadeiras das pinturas aquarelas em teus aceiros  fiz meus trilhos  em cada  trilha dos meus traços no encontro ao ururau no cais da lapa teu por do sol pode ser beijo ou também pode ser tapa quando olho a catedral  e seu contorno seres famintos alimentando o desalento  me solto ao vento quando penso o infinito beijo teu rio o paraíba que me leva  em teu lamento me                                  concentro em minha           reza 

 

 carne viva da loucura

 

escrevo pra não morrer antes da morte me disse gigi mocidade no homem com a flor na boca transitivo ou intransitivo vivo na mais sagrada ilógica do inconsciente coletivo na semeadura dos ossos carnadura  enquanto posso palavrar o que procuro enquanto ócio vou lavrando o criativo na carne viva da loucura quando da morte sobrevivo 


inquieto procuro mais uma palavra cínica fulinaimânica sagarínica no corpo da palavra corpo o sangue no corpo da palavra polifônico sinético poema biotônico ressigni –ficar cada lugar na sua coisa cada coisa em seu lugar o ser da coisa serafim vampiro goytacá canibal tupiniquim cbf vergonha geral desastrosa overdose poética você entra com a dose eu entro com a boca depois a gente troca para o over não dormir de toca meu diário escrito em aramaico me persegue quero mais que o quiabo vos carregue uma tragédia chamada enel se alastra pelo país quando nasci meu pai me deu caju minha mãe severina cuscuz com carne seca no leite da manhã vã filosofiia lembra daquele dia dezembro mil    novecentos e noventa e quatro 


j medeiros deu um show trepado no túmulo do torquato saímos do cemitério pro mercado para lamber a cajuína era uma tarde de sol em teresina não sei se foi assim só sei do mal-me-quer nas pétalas das flores do mal tem  euGênio mallarmè sangrei a carne da rosa com duas dentadas devorei as pétalas vermelhas de sangue abri um vinho com meu leque de vento e ofereci aos deuses das encruzilhadas com  federika bezerra - a porta bandeira da imperial tropicanalha na escola de samba da poesia contemporânea brasileira não curto palavra morta oca prefiro minha língua torta lambendo a    saliva viva no canto da tua boca


irina é um sol

que dói no crânio

quando dentes ardem

 e mordem

 os beiços da tarde

 

não posso permitir irina vestida de cetim de seda fina se a quero felimina vestida de sombra e luz a carne em flocos de lua olhos de não sonhar um abajur cor de carne nas pedras de lumiar


impossível pensar irina vestida com outras vestes este ser cabra da peste     do inconsciente coletivo do                   imaginário incandescente


inútil pensar irina vestida de serpentina como fez cinzia farina em seu poema visual era uma tarde de chuva num sonho de carnaval


naquela hora marcada do encontro que não tivemos

 

muitas vezes demoro sim levo um tempo para poder decodificar algumas informações não muito previsíveis nem compreensíveis para massas cefálicas como as minha tenho andado em estados  como se tivesse não estado essa enel tem me furtado a paciência muito mais que os amores não furtados acabei de ler saramago em seus instantes de lucidez furiosa jiddu saldanha acaba de me dizer que continuo com a mesm a fúria de antes e nem sei se isso é possível diante dessa letargia nostálgica que as vezes me abate como uma lâmina ninja do cinema japonês li uma resenha a pouco de um cara chamado fernando naporano lembrei-me de 1997 quando juntos no festival de inverno de ouro preto criamos a antologia do requinte do lírico ao delicado do erótico


impressa em papel criado com folhas de bananeiras com a super direção do mestre dos mestres sebastião nunes desse livro coletivo nasceu a ideia final dos retalhos imortais do serafim iniciada em 1994 no cefet campos e em 1995 no sesc consolação-sp daí em diante começamos a dar voz e fala para  alguns serafins que até hoje me acompanham nessa não viagem que muitas vezes tento mas não  faço assim como o encontro com stella naquela hora marcada                   do encontro que não tivemos


meta metáfora no poema meta

como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico plumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste

como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em plumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece


serAfim 8 -           euGênio mallarmè o filho de severina conterrâneo de torquato 

 

eu sou menino eu sou menina e não venham me dizer que lança perfume é parafina diversidade de gêneros podes crer – não me alucina eu nasci da minha mãe que se chama severina  lá dos sertões do nordeste nor/destino nor/destina como o sal do maranhão bumba-meu-boi não desafina conterrâneo do torquato eu nasci em teresina


aqui

em casa

lavo pinto bordo

o corpo

a alma

os pelos

cada um que

pinte seus delírios

cada um que

desenrole

seus novelos

 

irina me disse há um poema seu debaixo das escadas atrás de cada porta dos palácios metaforicamente fulinaíma desvenda todos os mistérios interplanetários na invasão dos intra poderes que comandam a invasão cibernética dos ventos e por  consequência a invasão dos corpos 


itabapoana

 

pedra de toque

língua de rock

blues bodoque

não gaste seu silêncio atoa

um beijo nessa pedra

            e a palavra voa 


ouvindo música pra remédio


quando se trata de metáforas macabea invade a meta do poema afora e se esconde atrás do personagem trancada no sub-inconsciente semi-morta pra toda fauna toda flora na moralidade mata o que o corpo sente deixa a carne apodrecer ao sol da mordacidade
entre hóstias e cultos anti-bíblicos
castrada de toda e qualquer sexualidade prende o gozo na boca quando se masturba mentalmente ouvindo música pra remédio travestida em todo tédio
                    que o histerismo a converteu

 

você pensa que escrevo em rua reta ou estrada sinuosa para você poesia é verso do inverso ou avesso de uma prosa? escrevi pscanalítica 67 em mil novecentos e sessenta e sete numa madrugada de setembro outubro quando visitei meu pai no henrique roxo e vi vespasiano contra a parede dando cabeçadas no manicômio mais uma vida exterminada e no fim das contas noves fora nada tudo o que eu queria dizer naquela hora explode agora quando atravesso o portão da tua casa o corpo em fogo a carne em brasa sem pensar estética estrutura estilo de linguagem sinto o desejo entre os teus mamilos a espera do beijo da esfinge que devora


irina serafina onça branquinha brincando de ninfeta com sua língua de fogo devassa o imoral queima boletos da sabesp na cara de tarcísio desfila na paulista com sua bu(a)nda de metal


poética 48

era quase uma menina
nem bem sei se era
pois me dera amor carnal

como o que eu sempre  quisera
como nunca antes
outra mulher me dera


tão distante teresina
me lembro da cajuína
saudade da faustina

que conheci no carnaval
da mostra visual de poesia
brasileira

tinha carlos careqa
jormmad muniz de brito
rubervam du nascimento

o verbo então carnal
argamassa no cimento

mas a carne tão macia
viva crua quase nua
acendeu  a luz no apartamento


poética 38

 

enquanto escavo a seiva
entre o vão das suas coxas 
para desfrutar do teu cio
e santificar o nosso  ócio

a selva amazônica perde 
mais 200 mil hectares de mata virgem
para as moto serras assassinas
desse venal agro negócio



ainda não sei
se baudelérico ou baudelírico
só sei que ando meio mallarmélico
completamente absurdado
com esse leite condensado
na minha língua do delírio


serAfim 9 –  federika  bezerra a porta bandeira 

nunca estou

mesmo estando

onde nunca estive

mesmo tendo estado 

isso me provoca sérias dúvidas

dívidas pra resgatar no fim do mês 

e o preço da  carne seca

está mais caro no mercado


na pele do poema

o cavalo selvagem
cavalga a pele do poema
enquanto transa na pastagem
um novo trote

a deusa do rock
berra em outro canto

enquanto na voragem da vertigem
assento a pedra de xangô
na vitória do espírito santo

 

naquela noite de chuva

as cores no vestido de iansã passaram despercebidas por aqui o sangue encarnado nas matas de oxossi e o olho do dragão na ponta da espada de ogum ainda que aline na porta da casa velha tivesse sobre a pele meus olhos presos por  palavras escritas na parede as sagradas escrituras não dissessem o quanto ali brotavam flores naquela noite de chuva um coração              estraçalhado


61


revirei sacramento pelo avesso do avesso aline me acompanhou passo a passo pela ladeira até a casa dos fundos canários no quintal catavam o que comer fotografamos e filmamos o que pairou no ar e não perdoa o éter dentro o cafezal nos convidava ao êxtase aline olhou pelo espelho da janela que dava para o outro lado da alma e levitou entre as trilhas dos canteiros ouvindo o som que nos unia


frente ao espelho

penso o tempo que não veio o mar que se foi o amor que não ficou o mamilo dos teus seios os olhos de um boi tudo que restou o sol a luz a cruz a dor de não dormir o berro a barra a lua o punhal a faca a fruta no quintal a pele o tecido a cor do teu vestido a flor no temporal a chuva o arco íris teus olhos a retina a cera a parafina e a nossa vida de animal


a musa do guarda chuva

 

a musa do guarda chuva não mora mais aqui nem desfila em minhas performances no teatro municipal baby magrelinha se mudou para santo andré depois da tarde de chuva era um sábado de tropicanAlices e carolina na outra ponta do tapete todo grafado em poesia a orquestra tocou uma valsa dançamos a distância no meio do povo antes da chegada de pirandello na voz de mônica cardela ainda não havia o homem com a flor na boca só algum tempo depois cacá de carvalho me apresentou na sala maria antônia numa semana da usp tenho desejos de sampa hoje amanheci com a traição das metáforas enroladas em minha garganta coloco o vinil na vitrola enquanto cássia eller me canta


 carNAvalha em

são luis do paraitinga

 

certa vez foi ao carnaval de são luis do paraitinga queria conhecer o povo caiçara ver os folguedos de artifícios no jogo do baralho do batman com o coringa mas o dilúvio nos aterrou na estrada só chegamos em profunda madrugada nem ás de copas muito menos ás espadas em nossa bagagem cerveja era só o que restava no culler da federika a mulher mais rica do bordel da boemia muito mais até que a diva a maior puta do país no curral das éguas das planícies montanhosas  na madrugada iluminada  como se diz lá nas quebradas em são luis do paraitinga 



pohermeto oswaldiano

que a cia das letras ainda não publicou 

pedaladas ao mar

 quando invento

poema  ao sabor do vento 

as mambucabas quando chegaram em santa clara traziam pimentas caiçara conchas vermelhas de ubatuba salsinhas de itacoatiara miçangas azuis de são luiz do paraitinga trilhas da serra  de paranapiacaba   muitas garrafas de pinga para as mesas do interventor godot não perdia tempo metia a boca na moringa pensando que era um coringa  dos bailes do imperador  tomava banho em   guaxindiba  enrolado nos trapos  do enxugador


faroeste lamparão

para torquato neto – in memória

 

 quando saí de casa ia dar um tiro na cara do delegado mas estava desarmado estão me colocando em histórias dos tempos do não sei onde como se eu durando kid comesse a filha do conde nunca comi amarela em cinema mexicano muito menos a ruiva do faroeste americano disseram que eu tive caso de amor que se tornou pernambucano quando encontrei o poeta no trailer do ricardinho foi me falando de mansinho como se trampa uma batalha pra não cair na armadilha  a grana palavra cilada

agora não se fala mais

 agora não se fala nada


o homem  com a flor na boca

federico pensou iracema com seus grandes vestidos folgados como a grande ninfeta iolanda trajada em vestes de penas nos bailes do império em luanda nas barras das saias da fama ele então grafitou grumixama palavra que ouviu numa cena na língua da formosa dama no teatro da rua ipanema   nos bordeís de copacabana os cogumelos de santa cecília nas barras incandescentes da cama pornofônicas palavras fonemas pitanga urucum colorau açucena com os caldos da salsaparrilha qualquer  grande orgia    é pequena


garrutio

 

o sobrinho do meu tio

marcou o boi com ferro em brasa

por ordens de dom diego de la riva

e na janela da grande casa

do mosteiro de são bento

azeredo furtado  garruchava

lençóis de trigos ao vento

enquanto o boi estribuchava

com a metáfora ensanguentada

no couro cru na carne viva

do santíssimo sacramento


lamparão

 

lamparina acesa no trovão

relâmpagos atravessam corredores

lá fora chove canivetes e navalhas

quebradeira geral no umbral

das coisas incompletas

relampejam  nos currais sacramentados

entre a desgraça e a glória

e aqui incorporados

nos porões da  nossa história


são saruê

festa no sertão é bala
bola no buraco é búlica
cabral não descobriu a pólvora
por trás de cada coisa pública

a chama do lampião na palha
fogueira sempre quero acesa
linguagem meu fuzil metralha
explosão como feijão na mesa


são saruê 1

o vento nordeste
atiça meu ser cabra da peste
assumo o risco
sou diabo sou curisco
boto a peixeira na cinta
pra pular fogueira
em noites de são joão
meu xangô xangô menino
viva o povo nordestino
nosso deus é lampião

 

profana

 

tenho apenas

esse punhal de prata

e a lua já não é mais cheia

poesia sempre na veia

e aquele beijo guardado

que ainda não foi roubado

na noite da santa ceia


serAfim 10 –   lady gumes  ponte grande

com dois me deito
com três me levanto
com a graça de zeus

e do divino espírito santo 

mariana de piracicaba

registro um mar de fogo
mariana um rio de piracicaba
escorre em minha cama
sob os lençóis de cananeia
nem jocasta nem medeia
na minha camisa de vênus
na tua boca de lótus
por tantos anos que não passam
nesse torpor que não me cessa
nem mesmo o chá me acalma
o teu corpo em minhas unhas
no espelho tua alma
por mais que eu queira sonhar
        meu amor por tantas eras
        que nem mesmo sei contar


osso a ponte quebrada não me leva para o outro lado  olho o espelho d´água e tenho certeza que vou me afogar engoli o vento da primeira madrugada a casa era caco de vidros minha filha vaza os pés em rio da ostras nunca mais pensei o mangue como a morada dos peixes e o canal passava atrás da varanda da cozinha hoje estou sóbria muito mais que embriagada pela maresia com esse cheiro de sexo evaporando pelo olhos e o corpo tremendo de susto por não ter com quem gozar


algumas imagens permanecem na medula da memória e me mantém viva água viva ontem mesmo te vi à estrela do  mar e mesmo não estando foi como se estivesse tatuada em minha pele com letras de sol e sal nos raios de luz do luar beijei teu nome nas algas e       mergulhei no teu olhar


fulinaímica

não sei escrevo tanto
não sei se escrevo tenso
um fio elétrico suspenso
com tanta coisa no Ar
não sei se olho em teu olho
pra encontrar a entrada
da porta da tua casa
onde a palavra estiver
não sei se pinto um van gog
ou se escrevo um baudelaire


entriDentes 5
ou uma segunda a tarde em campos ex-dos goytacazes

o grito desestrutura o silêncio atrás da porta a lâmina acesa sangra sob a luz do abajour lilás a faca escreve a palavra morta dois gumes na noite que estremece a voz que cala e o assassino limpa a lâmina como quem come sua última refeição  

 

poundianas

torquato era um poeta
que amou a ana
leminski profeta
que amou alice
um dia pós
veio uilcon torto
e pegou a jóia diana
juntou na pereiralice

com o corpo & alma
das duas
foi beauvoir assombradado
roendo o osso do mito
pra lá de frança ou bahia
pois tudo que o anjo dizia
sartre jurou já te dito

NONADA
biúte: ria


fricção

quem passou a língua nas coxas da caipora? me pergunta federico baudelaire cheirando as flores d0 mal no sarau de euGênio mallarmè gigi então invoca a dona santa federika
que baixa na mesma hora - ora bolas fui eu com minha língua de faca cortei a cara da vaca a começar pelas coxas depois subi pelo corpo até o buraco da boca  e meti a língua na língua e na suruba das línguas a dela mordendo a minha a minha mordendo a dela
a arte então se revela não existe arte sem língua nem teatro sem linguagem
a arte é uma grande suruba no segundo andar da padaria e o resto mais é  paisagem no altar da perfumaria 


fé cega faca amolada

não quero paz
nem harmonia
na nova ordem do dia

procuro a lucidez

na desordem da orgia

 

irina me disse ontem que não quer saber de nada que aconteceu ou que vai acontecer seu prazer é mais intenso quando não sabe nem pensa no que irá fazer anda muito dada ultimamente não mente quando o assunto é paixão ou sexo seu desejo é mais complexo que o recôncavo do convexo do baiano da santíssima salvador e seja como for tem andado muito pensativa com as frases positivas do seu anjo serafim nas páginas ainda brancas do vampiro goytacá canibal tupiniquim


a poesia é meta física
meta quântica
itaipu é um paraíso
dentro do que restou
da devastada mata atlântica


serAfim 11 –      irina serafina januária vascaína 


irina serafina

quem quiser

que me defina


menina oxum

é por você que me deleito
só por você que me deliro
do lado esquerdo do peito
é por você que me trans-piro

por tudo que foi secreto
por tudo que é sagrado
por quanto já foi escrito
ou ainda não         falado

na pedra itapemirim
na pedra de itaocara
guapimirim curumim
guarapari guanabara

em toda água seus mitos
tua flor de lótus tão rara
menina oxum infinito
minha folha verde bonsai
na-mora dentro de mim
de dentro de mim não sai


freudelírica

 

certa vez

em santa maria madalena

conheci helena

nem de triunfo nem de tróia

no pescoço não levava jóia

apenas um saco de ratos

com os trapos que eram teus

fez de mim gato e sapato

por entre as montanhas de zeus


certa vez em vila velha na vitória do espírito santo trepei no trem  do centro histórico da cidade velha enquanto andra mirava seus olhos sobre os meus entretanto no entanto nada me disse em seu   silêncio de tanto dizer tanto no trem um tanto no centro  um encanto metafórico no trem do engenho de dentro 


da cana
o açúcar
o melado
a rapa dura


o chuvisco da gema do ovo
e a minha língua sacana

bagunçando a ditadura 
falando a língua do povo

 

devorável

mais uma vez te venho
porque com essa flecha
que me acerta o peito
teu coração me devora
e me desfaz na pétala
como o vôo de um colibri
velocidade de um beija-flor
tire o seu pircing do caminho
que eu quero passar com meu amor


fosse apenas uma palavra reta carinho afeto e uma que ainda falta nesse novo alfabeto que procuro tateio no escuro outras palavras signos signi ficar signi ficando signi ficado na hipotenusa do quadrado do cateto no silêncio que muitas vezes ouvi da flauta do hermeto nas trinta e cinco pausas de renata persigo a trilha em movimento pés descalços sobre a mata e as palavras brotam cachoeiras água corrente vem da fonte como sementes desejadas de brotar


a flor do mangue

para cristina bezerra

 

um dia em gargaú

atravesso para o pontal

onde o paraíba beija  atlântico

num ato transexual

 

outro dia na barra

onde o itabapoana

é quem beija o lixo atlântico

penso  quântico  caranguejo

é o beijo do desprezo

 

são francisco não me engana

nas sagaranagens que faz comigo

   eu procuro a flor do mangue

             no litoral do teu umbigo


marcabra perambulava ainda as tontas pelo mar vermelho procurando por carlitos argentino (o criador dos moranguinhos) vomitava marimbondos depois que assistiu pelas ruas assombradadas de campos dos goytacazes as mirabolantes peripécias de lady tempestade desnudando coronéis e lobisomens com suas rajadas de vento confesso que não invento a hipocrisia dos homens 

 

lady tempestade a freudelírica satiriza macabea no presídio federal de brazilírica interpretando luz del fuego no festival internacional das artes cínicas com uma serpente de cobre no pescoço


serafina macunaímica

ontem disse que me amava
queria até transar comigo
hoje foge de mim
tranca a tranca do umbigo
fecha a porta entre as coxas
ela sabe que me deixa louca
e adora provocação
mas vou buscar no cu do mundo
sua libido                     o seu tesão


dialogando com o mestre

o poema pode ser
um trem fora do trilho
a ponte que caiu
a mulher que não deu filho
            ou a  pedra que pariu


domingo

mar de barco
mar de pele
mar de peixes
mar de algas
como um poema de olga
onda de sal nas minhas mágoas
como sua pele de mel
com sua pele de água

 

rasguei as velas
que teci em tempestades
rompi as noites
em alto mar de maresias

pensei teu corpo
pra amenizar tanta saudade
e vi teus olhos em cada vela que tecia


o poema as vezes é sabre

lâmina fina como o vento
ou folhas suspensas
sobre um verde
quase água
quase pluma
levita sobrevoa se espraia
na voragem do dia
como os dedos da moça
ao atiçar o clic
no instante exato da fotografia 


cidade voracidade

ainda ontem queria te ver mas não pude – cidade rude oculta atrás do espelho do outro lado da calçada não decifrei teu mapa muito menos cais da lapa onde queria mergulhar teu rio desbravar teu cio para depois dormir


até onde

teus segredos me aceitam?

até quando

 teus mistérios me pertencem?

até onde

 teus silêncios tem meus gritos?

quando me deixas assim  aflita

perco o chão por onde pisa

por onde teu pé desliza

que não sei quando ele está

e se perco teus pés de mim

     por onde vou caminhar?

 

 se ela vier

no frescor da maresia
lhe darei milhões de beijos
antes do amanhecer  
          de um novo dia 

e do corpo que comer

a carne

espalharei tabacaria


moro no teu mato dentro
não gosto de estar por fora
tudo que me pintar eu invento
como um beijo no teu corpo agora

desejo-te pelo menos enquanto resta
partícula mínima micro solar floresta
sendo animal da mata atlântica
quântico amor ou metafísica
tudo que em mim não há respostas

metáfora d´alkimim fugaz brazílica
beijo-te a carne que te cobre os ossos
pele por pele sobre as tuas costas

os bichos amam em comunhão na mata
como se fosse aquela hora exata
em que despes de mim o ser humano
e do corpo rasgamos todo pano
e como um deus pagão pensamos sexo

 

em todas minhas partes
concretas abstratas
o amor sempre retrata
   todo espelho que vivi

 

mariana

gaivotas sobrevoam os cílios da lagoa teus cabelos louros espelham sal na lâmina d´água o mar – complemento do teu nome naquela noite de música mágica – quando vozes da áfrica saltam da garganta canto de todos os povos no verde da mata luzes na flor da pele líquida cerveja na sede que não cessa éramos mais que tímpanos absortos naquele espaço templo com os olhos famintos devorando luas  na constelação de orions como uma flor de cactos sobre um chão de estrelas


meta morfose 

muitas vezes no instante uma mulher por perto noutras meio distante como alcançá-la plena pele pluma palavra carne sal água de mar mesmo fosse água de rio se o que gosta é tempestade só sabe amar por inteiro meu eu perdido em sua fala


sou uma mulher da vida irina severina januária vascaína uso a minha arma branca pra enfrentar a tirania transo em qualquer rua de qualquer esquina qualquer encruzilhada de qualquer  lua com jorge de ogum federico de oxum mallarmè de yansã não sou pagã fui batizada na igreja universal do reino de zeus nasci em ouro preto vila rica sou filha de deus irmã de federika


são fransciso um cisco risco de mergulhar no precipício saltar o muro na porta do hospício risco traço de palavras tortas palavra que não dizem nada  risco de perder a curva e seguir a linha reta medo é uma forma concreta de agarrar o abstrato

 por enquanto vou te amar assim 

sem segredo admirando  teu retrato


o tempo tem seu avesso

para Prata Tavares in memória

 

cidade quando penso nela lembro nossas angústias dormem em camas de ferro madeira  ou palha nossas palavras também são foices facões ou car/navalhas nossos poemas estiletes canivetes para rasgarem o pano de luxo das mortalhas  nossas mágoas lavamos nas águas do paraíba enquanto eles que pensaram  serem donos da cidade  incineraram   corpos na usina cambaíba


esta noite me preparo para o sagrado de amanhã alguma coisa me de algumas coisa me conta que vamos nos fartar de carne humana num banquete antropofágico algum acidente trágico pode estar pra acontecer alguma força simbólica entre nós assim pressinto com a química do absinto caldeirão da alquimia como nas noites da cacomanga preparava  minha tia alguma bruxa quem sabe em campos dos goytacazes está pronta pra atacar ou quem sabe pastor de andrade é  quem vai nos apresentar


serAfim 12 – pastor de andrade o antropófago 

 

         absinto

impossível

te sentir mais do que já sinto


poesia muito prosa as vezes pedra noutras vezes fedra quero dizer que ainda arde a palavra na palavra corpo quando carne e sangue incendeiam  paiol de milho na fazenda da infância cacomanga era um tempo de fartura    enchada         na palavra  do poema


ela vendia brigadeiro

e eu não fui o primeiro

a provar suas delícias

federico  passou na frente

como expresso do oriente

nos levando à boa vista

de onde ela tinha vindo

a curuminha contente

vendeu tudo em um dia

doce que o povo comeu

sorrindo ainda dizia

- vocês são mais loucos do que eu


discípulo de rimbaud

minha tv pifou nem tenho ido ao cinema
meu filme está carne da palavra esse poema é trágico me lembra infância lá na cacomanga televisão nunca tivemos era rádio de pilha depois de bateria meu pai criava porcos para vender na primavera
e complementar o seu salário que nem o mínimo era carteira de trabalho nunca teve
como administrador de uma fazenda com mais de 1000 alqueires de terra com produção agropecuária canavieira e cerâmica industrial (usina de moer gente) esse é um poema em linha reta nem sei por quê e para que me tornei poeta discípulo de rimbaud talvez só para escrever que no brasil mesmo depois da abolição escravidão nunca terminou


o curral das merdavilhas

o brasil já foi ilha de vera cruz
e nunca foi ilha
já foi terra de santa cruz
e nunca foi santa
hoje ninguém mais se espanta
com o volume das trapaças
no curral das merdavilhas

 

desde que resolvi abrir o meu baú de ossos da memória, que algumas pessoas, que antes desfilavam por aqui como amigas agora fogem da página como diabo foge da cruz não escrevo para sacerdotes, escrevo para quem vive em liberdade e faz da liberdade o seu sentido maior de viver não vivo atrás de portas/cortinas escondido embaixo de panos a minha língua é explícita linguagem voraz e sacana aprendi com oswald   que humor sarcasmo ironia  são armas mortais na cara da  hipocrisia


itamarna é uma cidade morna quase cinza sem brilho mesmo assim pelas noites passeiam por ali vaga-lumes vagabundos com suas asas de lâmpadas lamparinas irina também passeia por ali pelas madrugadas vestida de quase nada


mini conto

 

no livro as vísceras expostas em grande estilo tudo aquilo que é ferida aberta passeia sobre o branco do papel todos os órgãos extirpados por uma única facada


sagaraNAgens

a terra aqui é vermelha -  branca - é a carne de dracena tudo cena – dela -  só quero a boca seus olhos de fogo me engolem da janela em frente estou no oitavo andar de um hotel qualquer seus pelos são pétalas eletrizantes de um maldito mal-me-quer ajeito o foco da lente para vê-la de perto avisto a púbis de vênus a língua cresce não seria por menos nem no mais banal dos melodramas com essa linda louca que me acena aqui agora no meu quarto
embaixo dos lençóis na minha cama


 

fruta farta

amoras
nus - teus pelos
quantas línguas
já provaram
mangas
na carne ancestral
da uva roxa
pra desbravar
o sexo
no pomar
das tuas coxas

minha ovelha preferida está se rebelando os ensaios da mocidade
independente de padre olivácio
estão se aproximando e ela não dá as caras vou baixar decreto vou baixar o santo e não diga no entanto que sou linha dura dessa rapadura você ainda não viu ela não é santa e não duvido nada que a sua mãe foi a ovelhana que pariu

 

metafórica dialética

quantas teorias terei
para escrever o que falo

quantos sapatos ainda apertam
os calcanhares do meu calo?


mar

esse mar que eu tanto quero
se não vem me desespero
esse mar me faz suspenso
esse mar que as vezes penso
e não sei onde vai dar

nesse mar onde mergulho
esse mar me faz barulho
nesse mar tanto silêncio
esse mar que as vezes tenso
         e não sei se vai passar


para o mar que mora em mim

o enigma não está propriamente
na meta física da metáfora mar de carne e osso se eu não falasse ou não dissesse
esse relógio trágico com seus ponteiros mágicos arrastando segundo por segundo tudo o que não passa tudo o que não cessa o fluxo em tua boca de vênus - minhas unhas só o céu é testemunha desse instante único
em que passeio em tua pele como uma flor de lótus flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor ou faca fosse mar de tanta espuma com minha língua de espera em tua língua de amora em tua língua de  mara em tua língua de mar 


labirinto


beber dessa tua língua
luziana o líquido da maresia
o suor do mar da linguagem
e tudo mais beberia
no teu corpo em desalinho
em luas de tempestades
em lençóis de calmaria
palavras em tua boca
levaram-me ao descaminho
amarraste-me em tua cama
com tuas garras de linho
depois que me embriagaste
com mil garrafas de vinho


beatriz – a morta

oswald de andrade re-visitado

como pedra me olhas
como fedra te vejo
vestida de carne nua
a língua na maçã navalha
tua alma transparente crua
o olho por detrás da porta
poema com pavio aceso
quando oswald pariu a morta
tinha o dente
nos teus olhos preso


angra

 

assim como

o pau-brasil

a flor do mangue

também sangra


a traição das metáforas

 

caipora tem andado atormentada pelos corredores do presídio federal de brazilírica a maconha mofada de juiz de fora  deve ter provocado  um efeito negativo em seus neurônios, ela tem andado surtada delirando com perturbações mentais, da ordem dos apocalípticos seguidores do santo daime dai-lhe misericórdia santo zeus caso contrário ela vai acabar no cais da lapa ou procurando jongo em custodópolis, tendo alucinações com maria anita e se arriscando a levar uma coça de umbigo de boi e aprender a não olhar só para o seu umbigo


na traição das metáforas macabea já sofreu as consequências pelos mesmos delírios e nem psicanálise lhe devolveu a sobriedade ficou cada vez mais dilacerada pela própria língua/espora com que tentava ferir  a barriga do cavalo ouça um bom conselho caipora aprendi com chico buarque – e "lhe dou de graça, venha minha amiga faça como eu faço inútil dormir que a dor não passa venha minha amiga brinque com  o meu fogo venha se queimar  eu semeio vento na minha cidade vou pra rua e bebo a tempestade”


gosto da leveza dos dedos deslizando feito pluma penetrar a carne e as sensações saltarem para o abismo do poema depois dos saraus ela ia de pele e na pele dela eu ia pra trancoso no  litoral da bahia ou para raposo estação d´água de itaperuna curtir a pedra do toque ela sempre me disse sentir mais  minha carne que a pedra do arpoador em maresia e sempre gozou mais quando a saliva por entre os anos                                        escorria 


memórias no desassossego

não sou fernando pessoa mas acordei com o coração em alvoroço aliás nem dormi literalmente no desassossego da memória uilcon pereira passeava com o seu coração de boatos a procura do gabriel de la puente que até hoje não sabemos a ponte por onde atravessou sem direito a despedida a luz do farol da barra me vem aos olhos de um amor que vem chegando e me promete acarajés e escadarias o tempo ah! o tempo e seus contornos inesperados quando iria imaginar que depois de ouvir por tanto tempo com paixão sem limites gil caetano gal bethânia estaria agora assim tão assim no colo de uma baiana bebendo o líquido bom que algum zeus me reservou e deixou guardado para mim?


e ela era uma estudante de arquitetura que pintou poemas no cachorro louco e escavou  imagens em brazilírica pereira : a traição das metáforas - e quero dizer que ainda arde tua manhã na minha tarde a tua noite no meu dia tudo em nós que já foi feito com prazer ainda faria 


certa vez numa visita que fiz ao presídio federal de brazilírica pereira com o objetivo de levar algum alívio para algumas daquelas almas pecadoras me surpreendi com a oferta de macabea

:

- morda o meu pescoço prove do meu sangue

- cruz credo zeus me livre  teu sangue não me serve deve estar contaminado de repente com o veneno da serpente 


o cu do mundo onde fica?

minha língua afiada

onde enfiá-la?

fulinaimagem

metáfora nua na janela

meter a língua na linguagem dela



rocei suas mãos em conchas pele de ostra molhada mel escorreu por entre as coxas beijei o éter no ar pesquei tua língua que voou depois do coito oito horas depois do abstrato esse lugar enigmático onde estou quando te quero quero quero no pátio da sala plínio marcos foi embora alceu valença manda um frevo na esplanada no festival de pernambuco o eunuco dançarino enrola um papel de seda o pó da pluma na penumbra penetrou minha asp/irina 


A

mulher que goza assistindo futebol

 

irina serafina januária vascaína goza assistindo futebol na televisão do vizinho da esquina geme berra urra quando atinge o ponto g eu peço não gema não grite e ela grita: - é  gol de roberto dinamite!


tem uma coisa aqui que ainda não sei decifrar o código do significado 7776668 é o número do apartamento na quinta avenida e não estou em new york nem em bagdá estou mirando itapoã em salvador dali me disse: meus bigodes são mais lindos do que qualquer fellini no cinema meu sangue está na lama misturado a cocaína com a língua clara dessa gosmenta gelatina - enquanto do outro lado da avenida joaquim pedro de andrade me pergunta: e por onde andará macunaíma?


sou a lenda

oculta

para o imposto de renda

deixa star

presente

na oferenda

que fiz ontem

pra minha mãe yemanjá



com uma dentada na veia do pescoço matei o prefeito de cambaíba limpei desossei lavei  assei no mesmo forno da usina recheado com maçãs  do paraíso e servi a santa ceia aos meus 12 apóstolos das bacantes com um farto altar das mil e uma noites decorado com  milhares de garrafas de vinho para o deleite das 7 eras de  vênus afrodite quem quiser 


com os dentes cravados na memória


A Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo, nasceu em dezemvro de 1990, durante uma viagem em que cia de Guiomar Valdez, levamos uma turma de estudantes da então ETFC(IFF), a Ouro Preto-MG, como premiação por terem vencidos a Gincana Cultural desenvolvida durante o ano, pelo Grêmio Estudantil Nilo Peçanha. Lá conheci Gigi Mocidade – A Rainha da Bateria, com quem vivi até 1996.

*

A Igreja Universal do Reino de Zeus, criei em 2002 durante a 1ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ, que foi realizada nas dependências do Ginásio de Esportes do então CEFET-Campos, onde na ocasião lancei o livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas, em homenagem ao nosso grande e saudoso mestre Uilcon Pereira.

O grande objetivo da IURZ é homenagear deuses deusas da África e Grécia para de alguma forma descobrir de onde vem as nossas ancestralidades. De alguma forma e em alguns momentos mitologia grega e africana se misturam e viajando metaforicamente nessas realidades reinventadas vim desaguar no Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim.

O Homem Com A Flor Na Boca

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/

vampiro goytacá canibal tupiniquim

Vampiro Goytacá   eu tenho muito mais que 25 mil palavras sem perguntas mais que 25 mil perguntas sem respostas eu tenho um presente às minh...