O
revolucionário mexicano Emiliano Zapata, em um fotografia colorizada da
primeira década do século XX.
Emiliano Zapata nasceu em 8 de agosto de 1879 no
vilarejo de San Miguel Anenecuilco, no estado mexicano de Morelos. À época, o
México era governado pelo ditador Porfirio Díaz, que havia estabelecido um
governo autoritário e repressivo, marcado por abusos frequentes contra os povos
indígenas, corrupção, práticas clientelistas e deterioração das condições de
vida da população. Originário de uma família mestiça, Zapata se interessou
desde cedo pelas lutas indígenas, apoiando a reforma agrária e os esforços dos
nativos pela recuperação de territórios indígenas roubados.
Desanimado com a imobilidade do governo mexicano e
indignado pelos privilégios econômicos e políticos dos grandes latifundiários,
Zapata partiu para a ação armada, coordenando grupos que invadiam as terras em
disputa. A ação política de Zapata foi fortemente influenciado pelo ideário
anarquista, ao qual fora apresentado pelo professor Otilio Montano, que lhe
indicou as obras de Peter Kropotkin e Ricardo Flores Magón.
Em 1910, Porfirio Díaz foi reeleito em um pleito
marcado por irregularidades, motivando grandes manifestações de repúdio da
população. O liberal Francisco Ignacio Madero, derrotado no pleito, anunciou
que a eleição fora fraudada e conclamou o povo a sublevar-se contra o governo
de Díaz. Para angariar o apoio da população, Madero prometeu implementar a
reforma agrária e outros programas de combate à injustiça social. Com isso,
obteve a adesão imediata de Emiliano Zapata, que formou um exército
revolucionário em Morelos para depor Díaz - o Exército Libertador do Sul.
Também atraído pelas promessas de Madero, Pancho Villa ajudou a formar outra
força paramilitar ao norte. Teve início então a Revolução Mexicana.
Zapata liderou seus exércitos até a Cidade do
México, depondo Díaz e instituindo Madero no poder. Mas, tão logo assumiu a
presidência, Madero traiu seus apoiadores, excluindo as demandas dos campesinos
e dos povos indígenas e aproximando-se dos grandes latifundiários e da elite
mexicana. As reivindicações de Zapata em favor de uma reforma agrária centrada
no modelo dos ejidos (terras comunais) e pautada pelo respeito às tradições
indígenas foram ignoradas em favor de um projeto de integração das populações
nativas ao modo de produção capitalista. Em seguida, o governo mexicano começou
a perseguir os exércitos zapatistas e estimular o desarmamento dos indígenas.
Assim, Zapata rompeu com Madero, retirando seu apoio ao novo governo, passando
a defender a implantação do Plano de Ayala, que visava distribuir um terço das
terras agricultáveis do México aos camponeses.
Em 1913, Madero foi deposto e assassinado por um
golpe de Estado conduzido por militares, conservadores e
contrarrevolucionários. O general porfirista Victoriano Huerta assumiu a
presidência e tentou instituir um governo reacionário, concedendo anistia a
Porfirio Díaz e reprimindo brutalmente as frentes indígenas. Zapata e Villa
voltaram então a organizar suas forças paramilitares, agora para derrubar o
governo de Huerta. Contaram também com a adesão de Venustiano Carranza,
governador de Coahuila, líder do Exército Constitucionalista. As forças
zapatistas, villistas e constitucionalistas conseguiram obter sucessivas
vitórias sobre as tropas de Huerta - cuja situação se complicou com a tomada do
Porto de Vera Cruz pelos fuzileiros navais dos Estados Unidos. Em julho de
1914, Huerta foi deposto e Carranza assumiu o governo.
Não tardou para que Carranza também traísse seus
aliados. O novo mandatário aliou-se ao comandante militar Álvaro Obregón para
instituir um governo autoritário e passou a perseguir as guerrilhas zapatistas
e villistas. A princípio, Zapata conseguiu manter suas tropas mobilizadas, mas
passou a enfrentar sucessivos problemas com o recrudescimento da repressão
governamental. Em 10 de abril de 1919, Zapata foi atraído para uma reunião com
o general Jesús Guajardo, um partidário de Carranza que se passava por
simpatizante da causa zapatista. Quando se encontraram, Guajardo alvejou Zapata
com vários tiros. Pancho Villa também foi assassinado quatro anos depois,
durante uma emboscada organizada por seus adversários.
Os assassinatos de Zapata e Villa e a
desmobilização de suas tropas enfraqueceram a Revolução Mexicana, permitindo
que as oligarquias logo retomassem o domínio político pleno sobre o país e
destruíssem o legado zapatista em Morelos. Zapata, entretanto, segue como uma importante
referência e inspiração para as lutas populares do México. É herói nacional do
país e patrono de organizações como o Movimento Zapatista e o Exército
Zapatista de Libertação Nacional.
EMILIANO ZAPATA
"Se não há justiça para o povo, que não haja paz para o governo"
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