ainda não sei
se baudelérico ou baudelírico
só sei que ando meio mallarmélico
completamente absurdado
com esse leite condensado
na minha língua do delírio
EuGênio
Mallarmè
https://personasarturianas.blogspot.com/
arquitetura/poesia
enquanto arquitetos
desenhistas
desenhavam
eu
foto.grafava
escrevia poesia
muitas vezes a arquitetura do
poema
me vem em linhas fulinaímicas
sinuosas
se em verso
ou prosa
não explico
o que me importa
é o ofício
ao qual eu me dedico
por enquanto
vou
te amar assim em segredo
como
se o sagrado fosse
o
maior dos pecados originais
e minha língua fosse
só furor dos canibais
veraCidade
por quê
trancar as portas tentar proibir as entradas se já habito os teus cinco
sentidos e as janelas estão escancaradas ? um beija flor risca no espaço
algumas letras de um alfabeto grego signo de comunicação indecifrável eu tenho
fome de terra e esse asfalto sob a sola dos meus pés agulha nos meus dedos
quando piso na augusta o poema dá um tapa na cara da paulista flutuar na zona
do perigo entre o real e o imaginário joão guimarães rosa caio prado martins
fontes um bacanal de ruas tortas eu não sou flor que se cheire nem mofo de
língua morta o correto deixei na cacomanga matagal onde nasci com os seus
dentes de concreto são paulo é quem me devora
selvagem devolvo a dentada na carne da rua aurora
para ademir assunção
um nome escrito
no vento
não quero o
sentido normal
da coisa como me
aparenta
quero a
realidade
exatamente como
a gente
simplesmente inventa
no concreto do abstrato
na argamassa do concreto
sou
vampiro bêbado de sangue
assassinei os alpharrábios
para inventar meu alphabeto
vamos comer mastigar chupar beber
devorar deglutir cuspir escrever xingar falar sobreviver
sobrevoar os telhados de todos os fantasmas goytacá
ancestrais invadir os palácios de todos tupiniquins
canibais mesmo que o templo esteja escuro não me mostre o que
preciso não quero perder o meu
juízo nos currais de assombradado tem um morcego nas cancelas
principais vamos pichar nos muros : sem justiça não haverá paz
para Luiz
Ribeiro in memória
no lado esquerdo
do peito
o direito não
conforta
nem comporta a estrada
que preciso
nu poema
a porta
que se abre
a procura do inciso
31 janeiro 2010
era um domingo de sol rock and roll e poesia irina gozou comigo quando
beijei santa teresa no parque das ruínas com uma bela imagem de cristo tatuada
em nossas costas depois de uma noite de sonhos amanhecemos nas laranjeiras
dentro do severina o famoso botequim
mais uma vez me beijou e bem ali no pé do ouvido me falou bem assim: - vamos pra saideira meu vampiro goytacá canibal
tupiniquim - meu serafim –
a saideira foi itacoatiara itaipu engenho do mato dentro engenho de
dentro fora quando penso que clara está vindo irina já foi embora
*
o barro de alguns barracos continuam entranhados na carne com seus nomes tapera cacomanga cupim queimado cambaíba ururaí olinda morro grande santa cruz quilombo lagamar guriri
trago a
poeira na sola dos meus pés o sangue das pessoas trouxe impregnados nas
unhas vampiro goytacá canibal tupiniquim
no branco do papel deponho a faca a foice
navalha canivete já fui moleque pivete das esquinas dos bordéis da rua do
vieira paraíso perdido joazeiro coqueirinho nas mallarmargens da br já fui do
breque dos pandeiros das cuícas do couro cru na carne viva goytacá boy perdido
na paulista
roubei poemas do piva para vender nas
lanchonetes mar a vista em bertioga e o coisa ruim do ademir continua na ponta
da língua da memória quando criança brincava nos sonhos com cobras de pique esconde
no porão da casa onde aprendi a enxergar clara/luz na escuridão quando seus olhos de vidro viraram espelhos para os meus numa madrugada 27 agosto 1948 datas também me acompanham desde que vi o primeiro clarão diurno quando o trem passou para dores de macabu quando estive na bolívia senti o cheiro de corumbá ali de perto em assunção do paraguai porto viejo canavarro o barro vermelho no carnaval pelas fronteiras cerveja com caldo de piranha a dona de um bordel no pantanal chamava os jacarés com nomes de jogadores de futebol quando perdi o avião pra boa vista
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uma menina chamada Beth Araújo
Esse espaço tem "mil"textos fantásticos. Poesia ? Prosa ? Não importa ! Imponderáveis, não há como definí-los. A construção poética se faz presente. Pena que não me sobra tempo para agradecer. Mas a gratidão já fêz morada em mim. Um afetuoso abraço, envolvido na saudade de sempre.
A menina acima ainda mora aqui e com a alma de sempre para curtir a Arte , em tom maior, apesar das dores intensas da velha.
É imperativo ler seu/ nosso livro. Espetacular, acho eu com o pouco que li dele. Mas vou ter o livro para tê-lo nas mãos. Tela ? Só quando não se tem jeito. . . coisas da paixão que foi plantada com livro de papel: cor, cheiro, tato, calor, amor pelo ser humano , plantado nas linhas infinitas infinitas infinitassssssssssssss
Estou sem fala. Emocionada demais. Não é uma emoção triste . É a alegria de ser lembrada e homenageada por você , meu amigo Artur Gomes, amigo e poeta maior, que revoluciona palavras, poema, gostos, jeitos , modos de pensar e de amar. Quando conversamos com você , sempre saímos modificados, o sol se altera, a lua passa a falar coisas estranhas , mas tudo encharcado de poesia. Essa é a sua vida , em que tivemos a sorte de estar incluídos no seu compartilhar poético.
Beijos !
Beth Araujo, de Itaipú, em 28 / 02 / 2024.
círculo
e surge teu dorso dourado
e vem com a aurora teu rosto
e agora e ainda uma vez e outra mais
aqui estamos
no fragor de lençóis
emaranhados
alvos
nus
abandonados
aqui estamos
mar de arranhões
lentas mordidas
e o relógio tique-
tapeando o tempo
alvos
nus emaranhados
aqui estamos
mar de arranhões
lentas mordidas
e
o amor truque-
truncando
o tédio
e
o corpo assimilado
e
surge teu dorso dourado
e
vem com a aurora teu rosto
e
ainda e ainda uma vez e
Ronaldo Werneck
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