
Mocidade Independente
De Padre Olivácio
para Sady Bianchin e Marcela Giannini
está nascendo a mo/cidade
onde?
mar i cá
vou desfilar com ela
abro a janela para o ponta negra
esse canal atlântico
no meu modo quântico
pra dizer bom dia
na prova dos nove meu samba é alegria
junto ao Glauber Rocha no
Studio sete
esse Festival promete
um vendaval
de poesia
na univer/cidade vou fazer um
carnaval
revisitar Darcy Ribeiro no cinema Henfil
a utopia é um presente e tanto
de um presidente e um prefeito
pelo direito santo de ter
arte/cultura
pão para o povo se
alimentar
com flores/sem arte sem fuzil
Charles Baudelaire já anteviu
o samba/enredo e exorcizou meus medos quando escreveu Flores
do Mal
minha flor delírio brotou
no matogrosso
já comemos osso no lixo do canil
mas revertemos o jogo
nas cartas do baralho
anistia é o caralho
e minha escola de samba agora
vai ser chamar
Brasilllllllllllllll...!
pindamonhangaba
lugar onde se fazem anzóis
e o rio faz a curva
em tupi-guarani
na minha língua bem-te-vi
guaratinguetá sempre será
reunião de garças brancas
voando em direção ao mar
pedra no meio do caminho
não há de ser quero viver
amanhecer no que virá
Artur Gomes
Obs.: Pindamonhangaba é um município no Vale do Paraíba,
no estado de São Paulo, conhecido por seu significado em tupi como "lugar
onde se fazem anzóis". A cidade é um importante polo de reciclagem de
alumínio, além de ter um rico setor industrial e histórico, com atrações como
parques, o Bosque da Princesa e o Museu Histórico e Pedagógico D. Pedro &
Dona Leopoldina.
*
Guaratinguetá é um destino turístico conhecido por sua
rica história, religiosidade e belezas naturais. Como cidade histórica,
oferece pontos turísticos como a casa e o memorial de Frei Galvão, o Museu
Conselheiro Rodrigues Alves e a Catedral de Santo Antônio. Além disso,
está próxima à Serra da Mantiqueira, com bairros rurais como o Gomeral e
Pedrinhas, que possuem cachoeiras e trilhas para quem busca contato com a
natureza.
*
Guaratinguetá colonial e sua influência africana.
Infelizmente a rica contribuição e influência cultural africana em nossa região
ocorreu por meio da escravização. Porém suas marcas deixaram e até hoje
evidenciam as características da construção da identidade cultural.
Como um exemplo cultural é a nossa culinária, segundo Maia (2010) de quitutes
como as cocadas, quindins, pé de moleque, paçocas, quibebe, cuscuz, angus,
mingaus, melados e o furrundum (doce de cidra preparado com melado e temperado
com gengibre).
Não somente isso, como a construção dos nossos hábitos, relações sociais,
mentalidade coletiva, etc.
No aspecto arquitetônico em 1726, foi erguida uma capela dedicada à Nossa
Senhora do Rosário devoção dos escravizados e em 1757 foi criada a Irmandade de
São Benedito tão comemorado até os dias atuais.
A capela Nossa Senhora do Rosário dos pretos de Guaratinguetá situava na atual
praça e com o passar dos anos deixou de ter a importância social e religioso
após a abolição da escravatura e colocada à venda com o consentimento das
autoridades religiosas e por particulares foi demolida em 1935.
Temos também manifestações ricas no aspecto cultural e religiosa como a Umbanda
e o Candomblé destacando os bairros Alto das Almas, Tamandaré e outros locais
da zona rural as diversas danças: os moçambiques, as congadas e o jongo.
Referência: MAIA E MAIA, Tom e Thereza Regina de Camargo. Guaratinguetá, ontem
e hoje. Noovha América. São Paulo. 2010.
Litografia: Festa de Nossa Senhora do Rosário, 1835 de Joahnn Moritz Rugendas

Drummundana Itabirina
por ode andará Macunaíma
na esquina na piscina
dentro do carro
a 100 por hora meu amor
do apartamento selvagem
nos tráficos utópicos
de Sady Bianchin
ou simplesmente mora
do outro lado da selva
amazônica
atlântico pulsar
enquanto quântica
selvageria roçando em mim
sílaba tônica
e a poesia saindo da
língua
de algum anjo serafim
Rúbia Querubim
Por Onde Andará Macunaíma?
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canibal tupiniquim
rocei a língua
nos dentes da vampira
antes que piracicaba
os dentes cravei no pescoço
em mariana
a sorocabana curuminha
que sangrei no zepelin
chico pensou fosse geni
genipapo no olho do cego
é tangerina
virgindade entre as coxas da menina
com um beijo a gente faz
um trampolim
Irina Severina
Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
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Subversiva 1
E u não sou santa
a vida é bruta
e vou a luta
uma quadrilha
de filhos da puta
tomou o Planalto de assalto
o lugar deles é a lata de lixo
de onde nunca deveriam ter saído
vamos enxotar essa putada
varrer do mapa esses canalhas
nem que seja a golpe de gilete
a fios de navalhas
se é esse jeito ou única saída
subverter a ordem
acelerar o ritmo da libertação
a Arte é arma
e não temos tempo
de Temer a morte
Arte é intervenção da massa
armemos o povo
para o povo entender
e aprender a Ocupar
Democracia é palavra gasta
“a arte existe
porque a vida não basta”
se a massa está inerte
vamos fermentá-la
vamos fomentá-la
com fermento do biscoito fino
antes do anoitecer
“quem sabe faz a hora
não espera acontecer”
vamos a hora é essa
eu tenho pressa
não temos tempo pra espera
o trem das onze está partindo
e quem perder já era
Gigi Mocidade
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Amanhã meu corpo dói
se não é de danças e de bênçãos
que eu o cubro
Amanhã as ondas devolvem
o que sem sentir com o dentro
eu mergulhei
Amanhã o coração regurgita
onde eu pisei
sem caber todo o meu ser
Clara Baccarin
Amavisse
Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro
Um arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.
Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.
Hida Hilst

a tarde arde como gengibre na carne da boca faz tempo não pedalo pelo litoral com a língua alvoroçada na espuma das marés em guaxindiba sempre encontro motivo para os dentes lábios e dedos carne de caranguejo no meio do beijo tem uma mulher de Itaocara passeando por aqui saudades da minha amiga de Recife e da sua filha em Rio das Ostras onde vaza sob meus pés o poema inacabado agora me vens de Salvador todo desejo toda fúria incontrolável como cavalo selvagem que se desprendeu da cela.
Artur Gomes
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um dia desses
quero ser Sérgio Sampaio
porque hoje tô de bode
na cabeça um para raio
tô comigo ninguém pode
soltando bichos no porão
tô faísca tô kabrunco
tô um relâmpago lamparão
Federika Lispector
DialÉtica
para Federico Baudelaire Lys Cabral e Federika Lispector
um dia desses
não quero ser Paulo Leminski
nem dançar como Nijinski
ou escrever feito Pessoa
numa boa
quero voltar a Curitiba
e sair da pindaíba
escancarar o Beleléu
quero ouvir Carlos Careqa
esse - Filho de Ninguém
e botar fogo no céu
onde o anjo diz: Amém!
quero ser o Nego Dito
ou será o Benedito
do Itamar da Assumpção
um dia desses
quero ser um João Gilberto
e quem sabe Caetano
pra cantar em Salvador
quero ser um Pai de Santo
fazer de Lys a minha flor
um dia desses
quero ser um Celso Borges
quero ser um Cláudio Willer
quero ser Eliakin
um Ademir Assunção
quero ser sempre Plural
estar sempre em profusão
um dia desses
quero ser Zeca Baleiro
pra dançar Boi no Terreiro
com Salgado Maranhão
Artur Gomes
www.fulinaimagens.blogspot.com

osso duro de roer
o meu corpo não é só
carne
pele
pelo
osso
no meu corpo
tem buracos
de entradas e saídas
para o que é preciso sair
e para o que é preciso entrar
Federika Lispector
santíssima
sou filha
de uma santíssima trindade
pai
filha
espírito santo
no corpo sou carne/barro
no sangue veracidade
tenho um fogo que não se apaga
nem por Oswald de Andrade
Gigi Mocidade - Rainha da Bateria da Mocidade Independente de Padre Olivácio - A Escola de Samba Oculta no Inconsciente Coletivo
www.porradalirica.blogspot.com

vou te roubar num poema -
doce incesto -
eu sei mesmo que não presto.
o que existe por trás da poesia- língua de sal lambendo a pele
do amor a flor da pele -
na solidão de cada dia

pound anas
quero uma luz que me faça ver
na ana o que não é clara
e na clara o que não é gema
quero o poema da palavra escrita
maldita a dor de ainda ser poeta
quero a concreta carne da disputa
a bendita flecha do desejo
almejo o que não é seguro
o passo colocado em risco
a lâmina o abismo o cadafalso
quero uma luz que me faça ver
no escuro o que ainda não é claro
quando me deparo com a coisa
busco sempre entender o que ela é
as vezes é um mar tão profundo
que assim mesmo mergulho
mesmo sabendo que não vai dar pé.

Magnífico poema de Maria Teresa Horta que me chega nesta manhã via minha querida amiga e inter/locutora La Bohéme para romper todos os sóis e seus silêncios. e essa imagem instigante me leva também a este poema do meu querido Artur Gomes
a face oculta da maçã
duas partes que se abrem pêssegos
campos de girassóis teus pelos
alvoroçados sob o sol de Amisterdã
enquanto isso em teus mamilos penso
o que ainda não comi desta maçã
Há sons que não se sentem... tantos silêncios que nos falam, e tão poucos os que ouvimos... Em silêncio, as mentes fluem nos "Silêncios de silex...", viajam nos "Silêncios de vento..." e visualizam na imagética dos "gemidos nas camas, As ancas, O sabor..."
OS SILÊNCIOS DA FALA
São tantos
os silêncios da fala
De sede
De saliva
De suor
Silêncios de silex
no corpo do silêncio
Silêncios de vento
de mar
e de torpor
De amor
Depois, há as jarras
com rosas de silêncio
Os gemidos
nas camas
As ancas
O sabor
O silêncio que posto
em cima do silêncio
usurpa do silêncio o seu magro labor
Maria Teresa Horta
Photography by Mariah
_________________________
Ahhhhhh, então, olho e torno a olhar e...olho outra vez... e vejo que, não é por acaso que a maçã é um ícone do pecado!... Espetacular. Tudo incluso, poema lindo e de uma malícia intrigante...
Rúbia Querubim
https://arturfulinaima.blogspot.com/

antropofagicamente
comerás da minha pa/lavra/carne
mastigarás todos nervos/músculos
e matarás tua fome
esse desejo não tem nome
e me consome esta vontade
de ser devorada de verdade
pelos teus dentes de sede
pelos teus dedos de seda
pelos teus poros na rede
sem que até mesmo percebas
se o que tu comes é saudade

com um prazer de fera
e um punhal de amante
na cachoeira da fumaça
do espírito santo
se me quiser
dentro esse espelho lua
eu canto tua carne viva
em minha pele crua
Artur Gomes – minibio
É poeta. ator. produtor cultural e vídeo maker.
Em 2023, criou o
projeto Campos VeraCidade para a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo
Lima onde atualmente atua na coordenação de cultura em Campos dos Goytacazes-RJ.
Livros Publicados:
Um Instante No Meu Cérebro(1973),
Mutações Em Pré-Juízo(1975),
Além Da Mesa Posta(1977),
Jesus Cristo Cortador
de Cana(1979),
Boi-Pintadinho(1980-1981),
Suor & Cio(1985), Couro Cru & Carne Viva(1987),20 Poemas Com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor
De Campos(1990),
Conkretude Versus ConkrEreções(1994),
BraziLírica Pereira : A
Traição das Metáforas(2000),
SagaraNAens Fulinaímicas(2015), Juras Secretas(2018)
https://braziliricapereira.blogspot.com/
Pátria A(r)mada(2019),
O Poeta Enquanto Coisa(2020)
https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/
Pátria A(r)mada, 2ª Edição revista e ampliada(2022),
prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio – 2020
https://arturfulinaima.blogspot.com/
O Homem Com A Flor Na
Boca(2023)
https://arturgumesfulinaima.blogspot.com/
Itabapoana Pedra Pássaro Poema – (2025)
https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/
Tem inéditos:
Drummundana Itabirina : Por Onde Andará Macunaíma?
https://uilconpereira.blogspot.com/
Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/
A Biografia de Um Poeta Absurdo
https://fulinaimargem.blogspot.com/
De 1975 a 2002 coordenou a Oficina de Artes Cênicas da ETFC –
CEFET-Campos – no IFF Instituto Federal Fluminense.
Em 1993, criou o projeto
Mostra Visual de Poesia Brasileira, Mário de Andrade – 100 Anos,
realizado pelo SESC-SP.
Em 1995, criou o projeto Retalhos Imortais do SerAfim
– Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim – realizado pelo SESC-SP.
De 1996 a 2016, coordenou o Departamento de Audiovisual do
Proyecto Sur Brasil – Bento Gonçalves-RS – realizando Mostras Cine.Vídeo na
programação do Congressso Brasileiro de Poesia.
Em 1999, criou o
FestCampos de Poesia Falada, projeto que é realizado até 2022 pela Fundação
Cultural Jornalista Oswaldo Lima.
Em 2005 foi um dos
poetas integrantes do projeto Poesia Na Idade Mídia – Outros Bárbaros – criado
pelo poeta Ademir Assunção e realizado pelo Itaú Cultural São Paulo .
De 2014 a 2016, dirigiu Curso de Artes Cênicas no SESC –
Campos. Em 2018 e 2019, o autor lecionou no Curso Livre de Tetro da Fundação
Cultural Jornalista Oswaldo Lima.
Em 2018, participou como convidado do I Festival
Transepoéticas no Museu Nacional de Brasília-DF.
Em 2021, realizou
curadoria do 1º Festival Cine
Vídeo de Poesia Falada que é realizado na página Studio Fulinaíma Produção
Audiovisual no Facebook
Em 2019 criou o projeto Balbúrdia PoÉtica, com duas
edições realizadas na Taberna de Laura, em Copacabana – Rio de Janeiro, no Bar
do Ernesto na Lapa – Rio de Janeiro, na Patuscada Livraria Café e Bar em São
Paulo-SP, na Academia Campista de Letras, na Usina4 Casa das Artes em Cabo
Frio-RJ com a participação de diversos poetas convidados. No próximo
dia 14 de junho a Balbúrdia PoÉtica em sua 9ª Edição será realizada no
Café Literário da 12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ, e no dia 12
de julho será realizada em sua 10ª Edição na Casa da Palavra em Santo André-SP
Em 2022, integrou a Mostra Bossa Criativa, Arte de
Toda Gente, realizada pela FUNARTE-Rio. Foi também curador da Mostra Cine e
Vídeo de Poesia Falada realizada pelo SESC Piracicaba.
Realizou 7 edições do projeto Geleia Geral – Semana de
22 – 100 Anos Depois, na Santa Paciência Casa Criativa em Campos dos
Goytacazes-RJ.
Em 2023 realizou 8 edições do Sarau Multilinguagens no
Museu Histórico de Campos, no Teatro de Bolso, no Jardim do Liceu e no Palácio
da Cultura em Campos dos Goytacazes-RJ.
Em 2024 em parceria com Tchello d`Barros e Luis
Turiba realizou a Balbúrdia Poética 3 – Torquato Leminski a + de
80 a ser realizada no dia 24 de Abril no Bar do Ernesto – Lapa – Rio de
Janeiro.
No dia 3 de outubro de 2024 foi eleito para a Academia
Campista de Letras.
Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
fulinaima@gmail.com
22 99815-1268 – whatsapp
@fulinaima @artur.gumes - instagram